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Reverendo que ofereceu vacinas para municípios do Acre dá ‘show de mentiras’, diz Renan Calheiros

Por UOL

Imagem: Pedro França/Agência Senado

O relator da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), chamou o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, realizado ontem, de um “show de mentiras”.

Em entrevista à GloboNews, Renan destacou as contradições e mudanças de atitude do depoente, que irritou senadores ao fornecer respostas imprecisas.

“Ontem tivemos show de mentiras do reverendo, que acabou negando tudo e depois pediu desculpa pelo que fez e chorou. Quer dizer, numa demonstração de que a comissão parlamentar de inquérito está no rumo certo, investigando, e a cada dia acessamos ainda mais esse mar de lama que se transformou o enfrentamento da pandemia, sobretudo no Ministério da Saúde”, disse.

De acordo com Renan, este tipo de comportamento dos depoentes pode dificultar o entendimento de quem assiste à CPI, mas não prejudica a investigação da comissão.

“As pessoas têm acompanhado. Temos tido muita dificuldade em função da prática reiterada dos depoentes de mentirem à comissão parlamentar de inquérito. Mas estamos com a narrativa dos fatos, investigando os fatos, recebendo uma participação muito grande da opinião pública nacional, dos internautas que colaboram em todos os momentos com a CPI”, afirmou.

O depoimento do reverendo

Em um dos breves momentos de maior clareza de raciocínio, Amilston confirmou ter atuado como um dos elos para que a Davati Medical Supply —empresa americana representada pelo policial militar Luiz Paulo Dominghetti— conseguisse ofertar ao Ministério da Saúde um suposto lote de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.

Amilton, que é líder da entidade evangélica privada Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), disse ter sido procurado por Dominghetti em 16 de fevereiro deste ano. Posteriormente, no dia 22, o religioso teria encaminhado um simples email à SVS (Secretaria de Vigilância em Saúde) com o objetivo de agendar uma reunião.

O cabo da PM mineira Luiz Paulo Dominghetti se apresentava, à época, como um revendedor da Davati, empresa com sede no Texas e sem representação formal no Brasil. Havia uma expectativa de lucrar milhões de reais com o acordo (dinheiro de comissão que seria repartido entre o PM e outros intermediários), mas as negociações não vingaram.

Em 29 de junho, Dominghetti foi à imprensa para denunciar um suposto pedido de propina por parte de Roberto Dias, ex-diretor do departamento de logística do Ministério da Saúde. Posteriormente, em depoimento ao colegiado, o policial ratificou a versão.

Com as informações prestadas por Dominghetti, a CPI passou a investigar o caminho percorrido pelo PM na tentativa de vender vacinas para o governo. A partir de um cruzamento de narrativas, apurou-se que as portas do ministério teriam sido abertas pelo reverendo Amilton, em fevereiro, período em que o governo Bolsonaro sofria diariamente críticas pelo atraso na campanha de vacinação.

Por volta das 15h40, Amilton chorou afirmando estar arrependido de ter se envolvido nas tratativas dessas supostas vacinas e pediu desculpas.

“Foi um erro que, se pudesse voltar atrás, eu voltaria. Peço perdão a todos os senadores, a todos os deputados, e o que eu puder fazer para melhorar a vida de alguém… Para quem me conhece como pastor e hoje está me assistindo, está dizendo: ‘esse eu conheço’. Jamais fraudei ou tirei algo de alguém e estou aqui para contribuir com o Brasil sempre”, declarou.

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