A ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) não descarta concorrer às eleições presidenciais de 2022, mas disse ao UOL News que está mais preocupada com os projetos para o país do que em lançar seu nome para o pleito.
Para Marina, o importante agora seria a viabilização de uma terceira via política, já que as pesquisas preveem uma disputa entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT) no segundo turno do próximo ano.
Quando só tem duas possibilidades não é escolha, você tem que optar entre o que existe. A escolha pressupõe um terceiro e você precisa construir. A história guarda um certo grau de imprevisibilidade e a política também”, falou.
Marina disse que ainda não definiu se sairá como candidata. “Eu me coloco para fazer essa construção, já fui candidata por três vezes, sempre discutindo projeto de país e não de poder, e paguei o preço. A forma que se ganha determina como se governa”, explicou.
A ex-ministra criticou duramente a polarização política e falou que é “é um grande mal para o Brasil”. A dualidade, no entanto, está enraizada na nação e gerou uma perda nos debates, segundo Marina. “Empobrecemos ainda mais agora com Lula e Bolsonaro”, disse.
Sinto falta que, em pleno século XXI e em contexto de grandes transformações, não se tenha pela primeira vez um nome de mulheres, é uma coisa negativa. A pesquisa coloca o nome de homens mesmo quando dizem que não são candidatos, há um processo de invisibilização do feminino. Não falo necessariamente da minha pessoa, mas faz falta”.Marina Silva
Bolsonaro versus ministros
A ex-ministra disse que o momento é ideal para o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) dar uma “lição” a Bolsonaro. “O Senado tem uma boa oportunidade de colocar os devaneios autoritários no devido lugar”, disse.
No fim de semana, Bolsonaro afirmou que levaria a Pacheco pedidos de impeachment contra os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal). Para o presidente, ambos “extrapolam com atos os limites constitucionais”.
A resposta dos Poderes contra Bolsonaro é algo cobrado por vários políticos de oposição. Marina também explicou que as movimentações do presidente são uma medida preventiva caso perca as eleições de 2022.
“Bolsonaro faz base para fazer oposição a quem quer que ganhe o governo e criar instabilidade constante, já precipita uma possível derrota e quer estar posicionado. Isso ele não vai parar”, previu.
“Reeleição é um atraso”
Marina Silva criticou também o atual sistema político. “Para mim, o próximo na agenda era mandato de cinco anos sem reeleição para 2026. Reeleição é um atraso para o Brasil”, falou.
A ex-ministra disse que nas vésperas de eleições sempre há uma “reforma política de conveniência para fortalecer quem está no comando e não permitir a inovação política”.