Amac negocia compra de vacinas com reverendo e vai parar na CPI da Covid

A CNN Brasil divulgou nesta terça-feira (3) alguns e-mails obtidos pela emissora indicando que o reverendo Amilton Gomes de Paula, ouvido na CPI da Pandemia, tentou negociar vacinas com a Associação dos Municípios do Acre (Amac).

Amilton e outros integrantes da entidade dirigida por ele tentaram vender vacinas a vários municípios do Brasil. Nesta terça, em depoimento, ele negou as acusações.

De acordo com o apurado pela CNN, o reverendo enviou um e-mail à secretaria-executiva da Amac, que representa os 22 municípios do Estado, com informações sobre as vacinas Astrazeneca, sob a justificativa de que a venda teria um “viés humanitário”.

E-mail do reverendo Amilton Gomes de Paula tentando negociar vacinas com a Amac/Foto: Reprodução

“A mensagem foi enviada do endereço [email protected] e é assinada pelo próprio Amilton Gomes de Paula”, diz um trecho da reportagem.

“No mês seguinte, já no dia 26 de março, a Amac enviou então uma carta de intenção, dizendo-se interessada na compra de vacinas da Janssen. A mensagem foi enviada por e-mail para Renato Gabbi, integrante da Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), instituição dirigida por Amilton”, continua.

Gabbi remeteu o pedido a um representante da Davati, de nome Cristiano Carvalho, que teria afirmado que a Janssen não estava mais disponível e que apenas as doses da Astrazeneca poderiam ser fornecidas.

AO VIVO: Reverendo diz que menção a autoridade em mensagem era 'bravata' | VEJA

Reverendo Amilton Gomes/Foto: Reprodução

O fato é que o acordo não foi feito.

“Senador, eu desconheço, assim, essa amplitude aonde nós chegamos com governadores, com prefeitos ou prefeituras. Eu desconheço. Eu não conversei com nenhum governador, eu não conversei com nenhum prefeito, eu não conversei com nenhum município”, disse Amilton após ser questionado na CPI sobre as tratativas com as prefeituras.

Gomes não mencionou os e-mais enviados à Amac.

Em nota enviada à CNN, a Davati, empresa que tinha Cristiano (também ouvido na CPI) como interlocutor e que negocia as vacinas no Brasil, afirmou que Carvalho agiu de forma independente na oferta que fez à Amac.

“Davati Medical Supply informa que Cristiano Carvalho agiu de forma independente fazendo ofertas como a da Associação de Municípios do Acre (AMAC). No dia 30 de março, ao verificar grande quantidade de cartas de interesse recebidas, o CEO da empresa, Herman Cardenas, respondeu ao representante autônomo que não poderia manter oferta a diferentes municípios pois ainda aguardava retorno da proposta apresentada ao Ministério da Saúde”, diz a empresa.

Quem é reverendo Amilton

“Reverendo Amilton”, como é conhecido, foi o responsável pela ponte entre Ministério da Saúde e Davati Medical Supply, que usaram a oportunidade para fazer uma proposta bilionária para vendas do imunizante da AstraZeneca.

Gomes é fundador e presidente de uma organização não governamental (ONG) criada em 1999 como Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos (Senar) e renomeada em 2020 para Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah). A organização não possui atuação prévia no ramo de vacinas.

De acordo com sites nacionais, a negociação é investigada porque o representante da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, disse que o ex-diretor de Logística do Ministério, Roberto Dias, cobrou propina para fechar o negócio.

A convocação de Amilton partiu do vice-presidente do colegiado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Amac

Para desdobrar o assunto, a reportagem do ContilNet tentou entrar em contato com o prefeito Tião Bocalom, que foi eleito ainda em 2021 para presidir a Amac, mas não obteve resultado.

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