Culturalmente, estamos acostumados a compreender que uma pessoa de “coração grande” trata-se de um sujeito amigável, receptivo e empático. Contudo, quando levado ao sentido literal, o maior coração já visto e registrado pela literatura científica passa longe disso.
A detentora de tal título é a Balaenoptera musculus, popularmente conhecida como baleia-azul. Ela não apenas é o maior animal já visto no planeta, como seus órgãos internos atingem recordes impressionantes de comprimento e peso — chamando atenção de pesquisadores do mundo inteiro, que raramente podem estudar o material tão difícil de recolher.
Uma destas oportunidades surgiu em 2015, quando uma baleia-azul foi encontrada sem vida em uma praia de Newfoundland, no Canadá. Mesmo com a descoberta trágica, os pesquisadores do Museu Real de Ontario (ROM) se mobilizaram para dissecar o animal o quanto antes, buscando coletar o máximo de órgãos possível para estudos, como noticiou a BBC na época.
Retirada do coração
O processo de coleta já foi impressionante o suficiente para mensurar o tamanho da descoberta; de acordo com a técnica em mastozoologia do museu, Jacqueline Miller, somente a abertura da cavidade peitoral mobilizou uma equipe para entrar dentro do bicho e realizar os cortes, com a pesquisadora especificamente enfiada no animal até a altura da cintura.
“Precisamos de quatro pessoas para empurrar o coração através de uma ‘janela’ que abrimos entre as costelas e a lateral da cavidade peitoral. […] Eu esperava encontrar um órgão do tamanho de um carro. Mas acho que esse coração tem o mesmo tamanho de um desses carrinhos de golfe”, relatou Miller á BBC.
Após a extração do corpo, o pesado órgão foi deslocado para uma lona, que teve suas extremidades unidas para servir de sacola, enquanto o órgão era conduzido para o laboratório local com um guincho, sendo o primeiro coração de baleia-azul coletado a tempo de ser conservado perfeitamente com as características originais.
Volume da batida
Ao aferir o peso do principal órgão do sistema circulatório, o recorde de maior coração conhecido pela humanidade foi confirmado, atingindo 180 quilos. Na época da descoberta, os pesquisadores disseram que o coração ainda estava saudável.
Apesar do tamanho, a aorta, principal artéria do corpo, tinha um espaço menor do que o esperado pela equipe, com uma circunferência suficiente para abrigar uma cabeça humana. Para preservar o coração, os cientistas utilizaram 3,8 mil litros de formaldeído para retardar a decomposição e iniciar o processo para conservar a amostra.
Após ter amostras coletadas para análise no curso de anatomia da Lincoln Memorial University, o órgão foi catalogado e exposto no museu de Toronto, junto de seu esqueleto, este cuidadosamente retirado na ocasião do resgate.