Peritos do Instituto de Identificação de Mato Grosso do Sul identificaram como um morador de rua o homem que foi encontrado morto, com o corpo em estado de mumificação no vão do viaduto na BR-163, saída para Três lagoas, em Campo Grande, no início da tarde de sábado (18).
O corpo foi descoberto depois que outro morador de rua sentiu um mal cheiro forte e avisou trabalhadores que estavam no local e que acionaram a polícia.
Segundo a perícia, o corpo era de Sidney Manoel Pimenta, de 52 anos. Ele foi identificado por meio de impressões digitais, sem a necessidade de um exame de DNA, como chegou a ser cogitado pela polícia.
Sidney, conforme a reportagem apurou, era morador de rua e tinha passagens policiais por crimes de furto, tanto em Mato Grosso do Sul como Mato Grosso. Ele nasceu em Bauru, cidade do interior de São Paulo.
Em processo judicial por furto, o endereço atribuído ao homem achado morto é do de um centro de apoio ao migrante na cidade paulistana. Na mesma ação, está descrito que Sidney descumpriu regras determinadas pela Justiça de Mato Grosso do Sul em decisão determinando a suspensão do processo, e por isso a acusação contra ele foi retomada.
Essa acusação é por tentar invadir uma casa em Campo Grande no ano de 2016.
Como foi a identificação
Inicialmente, chegou a ser dito que só o DNA permitiria saber de quem era o cadáver achado em estado de mumificação, dado o calor do local onde ficou, por um tempo desconhecido. Quando isso ocorre, o corpo fica praticamente intacto, apenas a pele se decompõe. É um processo que tem a ver com a conservação por meio do calor.
Para descobrir que o corpo mumificado era o de Sidney, foi usada uma técnica científica que reconstitui as papilas, as pequenas dérmicas, ou seja, as linhas dos dedos que são únicas em casa pessoa. Isso acontece com o uso de uma solução química.
A partir daí, são recuperadas as “luvas dérmicas” e a informação é comparada com o banco de dados com as impressões digitais já recolhidas no Estado.
A perita papiloscopista Lidiane de Brito Curto, chefe do núcleo de perícia papiloscópica e identificação destaca que esse processo de identificação vai além de um simples procedimento de política científica. “Estamos dando a possibilidade de um enterro digno a essa pessoa”, informa.
Em nota sobre o assunto, o sindicato que representa os peritos papiloscopistas da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul afirma que cabe a estes profissionais levantar impressões papilares em locais ou objetos, a fim de analisá-los e interpretá-los em laboratórios para a identificação de sua autoria; colher impressões digitais em pessoas vivas ou mortas para fins de identificação papiloscópica civil e criminal; reprodução facial humana, popularmente conhecido por “retrato falado”; e realizar a perícia prosopográfica, que consiste na comparação facial.
O cadáver segue no IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). O caso está a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil, no Bairro Carandá, que trabalha agora para identificar familiares da vítima e, também as causas da morte.
“As linhas de investigação são no sentido de identificar a vítima, o que já foi obtida com o exame necropapiloscopico, e também quanto a apuração da causa mortis, que será obtida com o exame necroscópico e demais investigações”, informou o titular da unidade, Wilton Vilas Boas.