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Assassinato de mulheres aumenta em 300% no Amazonas

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Feminicídios Foto: Ilustração

O Estado do Amazonas é um lugar perigoso para as mulheres. No interior, os casos de feminicídio registraram um aumento de 300% de janeiro a agosto de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado.

Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM). De acordo com os números, nove mulheres foram vítimas desse crime nos primeiros oito meses do ano, enquanto no mesmo intervalo de 2020 foram três. Só em Humaitá, foram dois feminicídios. Novo Aripuanã, Boca do Acre, São Gabriel da Cachoeira, Tabatinga, Tapauá, Anori e Manacapuru também registraram um caso cada. Na capital, os casos registraram queda de 33%, foram nove feminicídios de janeiro a agosto de 2020, três a mais do que o contabilizado nos primeiros oito meses deste ano.

O feminicídio é o crim de assassinato de uma mulher pela sua condição de gênero feminino. O crime passou a ser tipificado em lei sancionada em 2015. Os motivos mais comuns do crime incluem o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao gênero feminino.

Com exceção de Humaitá, Tabatinga e Manacapuru, todos os demais municípios do interior do Amazonas que registraram assassinato contra as mulheres motivados por misoginia não contam com uma delegacia especializada para o atendimento às mulheres. Jacqueline Suriadakis, fundadora da rede de apoio às mulheres ‘Fênix Amazonas’, o acolhimento às vítimas por parte das famílias e, especialmente, nas delegacias é indispensável para frear o aumento de casos de feminicídio e da violência doméstica de forma geral.

Já na recepção da Delegacia, o atendimento tem de ser com qualidade de modo que acolha as vítimas. Geralmente, ao chegar nesse ambiente, a vítima sente vergonha e até se culpa pelas violências que sofreu do companheiro, por exemplo. Além disso, é super importante o atendimento social, psicológico e jurídico”, disse Suriadakis.

A ativista também destaca a importância de atender à solicitação de medida protetiva para assegurar a integridade física e moral da vítima, impedindo que o agressor possa importuná-la ou ameaçá-la de alguma forma.

No Amazonas, mais de 50 municípios não contam com delegacias voltadas especificamente à violência contra a mulher. Para Jacqueline, as unidades policiais especializadas são extremamente importantes porque o atendimento é diferenciado de delegacias comuns.

“As vítimas dessas localidades geralmente não denunciam os crimes de violência doméstica por não se sentirem amparadas. Quando se chega em uma delegacia comum, por não haver treinamento adequado, pode haver o julgamento dos funcionários que recebem a denúncia e isso faz com que a vítima fique constrangida e acabe desistindo de fazer a denúncia”, explicou Jacqueline.

Jacqueline também crítica a demora da Justiça em solucionar casos e punir agressores, o que acaba desencadeando em mais casos de violência doméstica. “Temos que perguntar quantos feminicídios resultaram pela omissão da Justiça? Muitas vítimas acabam desistindo de continuar seus processos por acharem que nada será feito, e que os seus agressores não serão responsabilizados pelos seus crimes”, afirma.

A delegada Roberta Merly, responsável pela Delegacia da Mulher em Manacapuru, orienta que todas as mulheres que se sentirem ameaçadas, fisicamente ou psicologicamente, procurem as autoridades. “É um processo difícil, mas é preciso romper esse ciclo de violência e denunciar o agressor. Lembrando que a violência doméstica não é somente física, ela pode ser psicológica também. Por isso, qualquer mulher que esteja nesta situação, precisa procurar a delegacia mais próxima da sua casa e formalizar a denúncia, para sair desse ciclo de violência doméstica que só tem a se agravar”, orienta a delegada.

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