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Conheça a história marcante de seu Floriano, criador da ‘Voz da Cidade’ de Sena Madureira

Por EDINALDO GOMES, DO CONTILNET

Floriano José da Silva implantou em Sena Madureira a chamada “Voz da Cidade”. Foto: Arquivo pessoal

Uma ideia ousada e inovadora mudou a rotina da população de Sena Madureira no ano de 1962. Naquela época, não existia o serviço da Radiodifusão na cidade e a comunicação se dava basicamente através de cartas. Foi então que o trabalhador autônomo Floriano José da Silva, 83 anos de idade, resolveu implantar em Sena Madureira a chamada “Voz da Cidade”, tendo como locutora principal sua própria esposa – a saudosa dona Jandira.

A Rádio “Voz da cidade” funcionava em sistema de alto falante na Praça 25 de setembro, mas também era possível sintonizá-la no Rádio em outros locais na faixa 6.765. “Sempre fui apaixonado pela comunicação e naquela época em Sena Madureira não tinha TV, não tinha internet, não tinha nada. Eu ouvia muito a Rádio Rio-Mar e, certo dia, coloquei na minha cabeça criar um sistema de alto falante pra ajudar a nossa população. Minha esposa Jandira comandava a Voz da cidade. Foi um sucesso”, relembra seu Floriano.

Seu Floriano recebeu a reportagem do ContilNet para uma conversa. Foto: ContilNet

Ele conta que as locuções começavam sempre às 5 horas da tarde porque não era compensatório, à época, deixar a Rádio funcionando o dia todo. “As pessoas passavam melodias, tinha as mensagens, as informações, algo bem dinâmico. Vários profissionais passaram pela Voz da cidade, onde tiveram suas primeiras experiências na comunicação como, por exemplo: Idel Diniz, Deusdete, Jota Alves, Manoel Almeida, dentre outros”, frisou.

Um detalhe que chama a atenção é que o transmissor da Rádio foi montado pelo próprio Floriano bem como os outros equipamentos eletrônicos. “Sempre gostei da eletrônica e da mecânica. Aprendi tudo sozinho, mediante meu esforço e nunca fiz um curso nessa área. Também já ajudei muito a equipe da Rádio Difusora juntamente com o meu amigo Eurico Filho e outros profissionais”, disse.

Além das melodias, mensagens e outros serviços, a única emissora daquela época também transmitia a Ave Maria, um programa tradicional da Igreja católica que existe até os dias atuais. “O Padre Paolino, Dom Joaquim e até o Dom Giocundo Maria Grotti fizeram a Ave Maria conosco. Tempos memoráveis”, comentou seu Floriano.

A “Voz da cidade” foi desativada em 1990 quando já existia em Sena Madureira a Rádio Difusora AM 670 KHZ, trazida do município de Cruzeiro do Sul.

UNIÃO EXEMPLAR: 58 ANOS CASADO COM DONA JANDIRA

Aquela velha máxima dita na hora do casamento “até que a morte nos separe” foi levada à risca por seu Floriano e dona Jandira. Eles mantiveram o casamento por 58 anos e tiveram 8 filhos, dos quais sete ainda estão vivos. Dona Jandira, muito querida em Sena Madureira, faleceu em outubro do ano passado. “Pra mim foi uma perda irreparável, não tem como eu esquecer. Ela ficou no íntimo do meu coração. Foi mesmo que perder um pai ou uma mãe. Ela foi uma mulher exemplar, educou os nossos filhos devidamente e também aprendi muitas coisas com ela. Ela continua viva no meu coração”, destacou.

Seu Floriano é natural de Sena Madureira, mas seu pai era do estado de Sergipe. Para ajudar no sustento da família, ele começou a trabalhar muito cedo, vendendo doces. Depois foi engraxate, motorista de barco e também gerente da Central elétrica de Sena Madureira.

A “Voz da cidade” foi desativada em 1990 quando já existia em Sena Madureira a Rádio Difusora AM 670 KHZ, trazida do município de Cruzeiro do Sul. Foto: ContilNet

Seu Floriano é pai da professora Arturiete Gonçalves que já foi Gestora da Escola Instituto Santa Juliana. “Meu pai é um grande exemplo, é o meu herói”, disse ela.

Hoje, aos 83 anos de idade, ele não para. Todos os dias ‘bate ponto’ em seu estabelecimento instalado em sua própria casa onde conserta Rádios e relógios. “Agradeço a Deus e a minha família por ter chegado até aqui e dado a minha parcela de contribuição com essa cidade que tanto amo que é Sena Madureira. Que Deus abençoe a todos nós”, finalizou.

A “Voz da cidade” foi desativada em 1990. Foto: Cedida

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