Acusado de ser uma espécie de segundo homem no comando de um esquadrão da morte que apavorou o Acre nos anos 80 até o final dos anos 90, o coronel reformado da Polícia Militar e ex-deputado estadual de 1998 a 2002, Aureliano Pascoal Duarte Pinheiro Neto, teve o julgamento adiado mais uma vez. Primo do também coronel PM reformado e deputado federal cassado Hildebrando Pascoal, de quem seria auxiliar no comando das matanças do esquadrão da morte, Aureliano Pascoal deveria ser julgado na última terça-feira (26) pela 1ª Vara do Tribunal do Júri Popular e Auditoria Militar de Rio Branco, 25 anos depois pelo assassinato, sob tortura do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o “Baiano”, que teve os membros, braços e pernas amputados a golpes de motosserra.
O julgamento do chamado “Crime da Motosserra” foi adiado porque o acusado afirmou a Justiça não ter advogado que o defenda. O crime ocorreu em 1996, em Rio Branco. “Baiano” foi preso e executado na época em que Aureliano Pascoal comandava a Polícia Militar do Acre porque tivera participação no assassinato do tenente reformado e vereador Itamar Pascoal, irmão mais novo de Hildebrando e também primo de Aureliano. O assassino foi José Hugo da Silva, o “Huguinho”, que conseguiu escapar ao cerco policial e só foi encontrado e morto dois anos depois na fronteira da Bahia com o Piauí, onde foi degolado à faca. Este crime também é atribuído a Hildebrando, que ainda não enfrentou o Tribunal do Júri do Piauí por este crime.
Em 2009, Aureliano Pascoal foi julgado pelo assassinato de “Baiano”, massa foi absolvido. Em 2015, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC) acolheu peido do Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) para levar o coronel aposentado a novo julgamento, o que deveria ter ocorrido ontem.
No entanto, o acusado alegou que os advogados que o assistiam pediram para deixar o caso e o processo foi retirado de pauta. A justificativa dos advogados é de que um está doente e o outro, Roberto Duarte, que se elegeu deputado estadual pelo MDB, renunciou ao caso ao passar a militar na política partidária.
No julgamento que deveria ter ocorrido, seriam ouvidas cinco testemunhas de acusação e cinco defesa.
A família de “Baiano”, a viúva dona Evanilda e a filha Emanuel Firmino, que vivem escondidas no interior da Bahia e o acesso a elas só é permitido através de ajuda do MPAC, apontam que esses adiamentos são manobras de Aureliano Pascoal para escapar de uma condenação, já que o crime está prestes a prescrever. A estratégia do MPAC para não permitir que o caso prescreva é a acusação de crimes de tortura, que são imprescritíveis. Aureliano Pascoal ainda convive com as sequelas da Cvid-19, contraída este ano, quando chegou a ser intubado por vários dias.