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Especialista ensina como identificar um mentiroso

Por DIÁRIO DO AÇO

REPRODUÇÃO

Um ser humano conta, em média, uma mentira a cada 11 minutos de conversa, é o que aponta um estudo da Universidade de Massachussetts. Todo mundo mente, é fato, mas ninguém gosta de ser ludibriado. Por isso, saber ler os sinais que o corpo emite durante a comunicação pode ajudar a descobrir as mentiras que nos contam.

Segundo o entrevistador forense André Costa, especialista em detecção de comportamentos suspeitos e autor do livro Entrevista Forense Corporativa, o corpo expõe, em gestos, expressões e na postura, a mentira que contamos.

“Mentir gera estresse e o processo de descarregar essa energia envolve o uso simultâneo de vários canais que vão refletir em sua linguagem corporal, facial e verbal”, diz.

A resistência física também é comprometida quando alguém tenta esconder a verdade sobre algo. “Em uma entrevista é possível observar que a resistência física da pessoa começa a impactar no fluxo de informações e pouco a pouco ela começa a apresentar respostas limitantes e desprovidas de conteúdo”, pontua o advogado, que atua há mais de 10 anos investigando condutas inadequadas em empresas.

A pessoa que mente “tende a ser fechada e reativa, pode cruzar os braços, entrelaçar as pernas na cadeira, projetar o tronco para trás. Tudo isso são respostas que indicam distanciamento, a ideia de não querer seguir adiante com aquele diálogo”, afirma o especialista.

Para esconder a verdade, a pessoa costuma ensaiar um discurso e, quando tem que improvisar, apresenta alguns sinais, como toques no nariz e na nuca, que indicam um sinal de vergonha com olhar projetado para baixo. “Ela costuma também tocar o lóbulo da orelha e desviar o olhar”, completa o advogado.

Sinais não intencionais

O especialista explica que durante uma conversa é importante observar os movimentos corporais que são utilizados para sustentar ou substituir uma fala, principalmente aqueles que se manifestam de forma não intencional.

“Os sinais variam de uma pessoa para a outra. Algumas gesticulam muito e outras, pouco, mas em discursos mentirosos os movimentos tendem a mudar, seja por sua ausência ou pela falta de sincronismo com a fala. Quanto maior a mentira, maior é a quantidade de sinais não intencionais emitidos”, pontua.

Com certificações da Polícia Federal, da Academia Israelense de Investigação e da Associação de Entrevistadores Forenses dos Estado Unidos, Costa afirma que identificar um mentiroso por meio da análise da linguagem corporal não é um processo simples e exige conhecimento sobre o tema.

“Quando a gente fala de linguagem corporal o primeiro ponto é ter um treinamento e estar preparado para questionar, confrontar afirmações e pedir informações, até aquilo que não é relevante. Quem vivenciou o que afirma ter vivido vai trazer uma riqueza de detalhes com muita naturalidade, ao contrário de uma pessoa que está mentindo, quando aprofundamos demais elas demonstram, com o corpo, um stress acentuado e as inconsistências começam a aparecer”, diz.

André Costa é entrevistador forense e advogado

André Costa é entrevistador forense e advogado

Cuidados ao avaliar os outros

Ainda segundo o especialista, um conjunto de fatores deve ser analisado para detectar a mentira. As pessoas precisam ter cautela ao avaliar os outros. “A detecção de mentira e dissimulação não é exata, por isso, não se deve acreditar em um ou outro elemento isoladamente. A linguagem corporal caminha em sintonia com as expressões faciais e o discurso, então, deve ser analisado todo o conjunto da situação. Nenhuma pessoa é igual à outra e algumas, mesmo que inocentes, podem apresentar nervosismo ao serem confrontadas, apenas o ato de cruzar os braços, por exemplo pode ser uma simples reação à sensação de frio”, ressalta o advogado.

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