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Jovem com esquizofrenia morre e família acusa ex-namorado

Por AGÊNCIA O GLOBO

Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) investiga a morte de Joice Giarolla Carneiro Hernandes, de 21 anos. Portadora de esquizofrenia, a jovem deu entrada já em óbito, no início da noite deste domingo, no Posto de Saúde de Fragoso, em Magé, na Baixada Fluminense. Ela chegou à unidade levada por um ex-namorado, Diego Medeiros de Souza, de 33 anos. Uma ordem de restrição impedia que ele se aproximasse da ex-companheira, em virtude de uma acusação de estupro de vulnerável a que ele responde na Justiça.

Além do acompanhamento por conta da doença psiquiátrica, que exigia medicação constante, Joice também fazia tratamento contra a dependência química em cocaína. A declaração de óbito elaborada no posto não aponta causa da morte e frisa a necessidade de “exames complementares”. Segundo a família, porém, um funcionário da unidade citou, informalmente, indícios de que ela pode ter sofrido uma overdose. Além disso, também havia marcas avermelhadas no pescoço da jovem, cujas causas ainda serão analisadas.

A DHBF já solicitou as imagens das câmeras de segurança do local e oficiou o Instituto Médico-Legal (IML) para pedir rapidez na elaboração do laudo cadavérico, que apontará o que, efetivamente, ocasionou a morte de Joice. Na manhã desta terça-feira, Diego, que foi intimado na tarde desta segunda, é esperado na especializada para prestar depoimento sobre o episódio.

A família de Joice conta que só soube da morte a partir de uma postagem em um perfil de notícias da cidade no Facebook, administrado por Diego. No texto, ele afirma que a jovem “morreu devido ao consumo excessivo de drogas no dia do aniversário da nossa filha”. Joice, de fato, era mãe de uma menina que completou 3 anos no domingo. Contudo, ela não tem nome paterno na certidão de nascimento, e Joice sempre negou que Diego fosse o pai. Por conta dos problemas de saúde da mãe, a criança é criada por uma parente que a adotou.

Ainda de acordo com a família da jovem, Diego afirmou, ao chegar ao posto de saúde, que Joice seria apenas uma moradora de rua. Ao ser informado de que os profissionais da unidade teriam de comunicar o óbito à Polícia Militar, ele teria deixado o local. Esse relato teria sido repassado aos parentes por uma assistente social, no momento em que eles chegaram ao posto para se inteirar do ocorrido. Contatada pela reportagem, a Secretaria municipal de Saúde de Magé respondeu apenas que “acolheu a paciente”, mas que ela “já chegou em óbito à unidade”, sem fornecer maiores detalhes.

Já Diego, também procurado, informou que só daria declarações depois de prestar depoimento na DHBF. Segundo o advogado dele, Alexandre Peçanha Aldighiéri, os dois foram realmente namorados no passado, e Joice teria aparecido repentinamente na porta do ex no domingo, aparentando estar sob efeito de drogas. Em seguida, ainda conforme o relato fornecido pela defesa de Diego, ela começou a passar muito mal, e ele a levou de imediato para o hospital.

Diego responde a um processo criminal pelo estupro de vulnerável de Joice, ocorrido entre os anos de 2017 e 2018. Na denúncia elaborada pelo Ministério Público, a promotora Elke Schlesinger Royo Visconti de Araújo pontuava que, “sendo portadora de psicose”, a vítima era “absolutamente incapaz” e não tinha o “necessário discernimento para a prática do ato”.

Em maio de 2018, quando a Justiça aceitou a denúncia contra ele, Diego chegou a ter a prisão preventiva decretada, já que estaria tentando manter contato com Joice no curso do processo. Ele passou alguns meses na cadeia e acabou libertado, mediante uma medida cautelar que impedia qualquer aproximação com a ex-namorada.

Na investigação sobre o estupro de vulnerável, a 66ª DP (Piabetá) descobriu que Diego fornecia drogas em troca de sexo com a jovem, que tinha à época 17 anos. “Verifica-se que o nacional Diego Medeiros de Souza, mesmo ciente de que Joice Giarolla Carneiro Hernandes era portadora de distúrbios mentais, manteve por diversas vezes relações sexuais com a mesma, fatos ocorridos desde o início de 2017, quando Joice já contava com 17 anos de idade, pagando tais relações sexuais com entrega de drogas ilícitas para uso da mesma”, diz um trecho do relatório.

A DHBF já solicitou as imagens das câmeras de segurança do local e oficiou o Instituto Médico-Legal (IML) para pedir rapidez na elaboração do laudo cadavérico, que apontará o que, efetivamente, ocasionou a morte de Joice. Na manhã desta terça-feira, Diego, que foi intimado na tarde desta segunda, é esperado na especializada para prestar depoimento sobre o episódio.

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