A secretaria jurídica do PTB anunciou na noite desta 4ª feira (6.out.2021) a expulsão da ex-deputada Cristiane Brasil, filha do presidente nacional da sigla, Roberto Jefferson, do bolsonarista Oswaldo Eustáquio e do pastor Fadi Faraj.
O Poder360 adiantou que a legenda estava conduzindo a expulsão dos 3 integrantes para viabilizar a filiação do presidente Jair Bolsonaro, que precisa entrar em algum partido para poder concorrer às eleições presidenciais de 2022. Segundo apurou o Poder360, o gesto teve aval do presidente nacional da legenda.
O processo para a expulsão teria a justificativa de que houve possível desrespeito às diretrizes partidárias pelos 3. Internamente, porém, alguns motivos específicos pesaram para a decisão:
- Cristiane Brasil: ela, que é filha de Roberto Jefferson, gostaria de assumir a presidência do partido como sucessora do pai, além de criticar abertamente integrantes do diretório nacional;
- Fadi Faraj: aproximou-se de outras lideranças políticas no DF que fogem à linha ideológica do partido;
- Oswaldo Eustáquio: quando foi preso, travou conflito com a ministra Damares Alves, afirmando que seu ministério deveria ter agido para impedir o fato. A divergência causou estresse na cúpula do PTB.
A presidente interina do PTB, Graciela Nienov, já demonstrou apoio à ida do chefe do Executivo. Em reunião convocada por ela, ficou decidido que o partido redigirá um documento incentivando a filiação.
As disputas internas geradas a partir da possibilidade da ida de Bolsonaro causaram mal-estar no partido, exposto em publicações de Cristiane Brasil nas redes sociais. Entre os atritos, estão as tentativas de interferência de Cristiane nas negociações para levar o presidente para o partido.
Nesta 4ª feira (6.out), a filha de Jefferson afirmou que Nienov faria uma festa em comemoração à nova prisão do pai. Roberto Jefferson está preso desde agosto, mas saiu por necessidade de internação hospitalar.
“Fiquei inclusive sabendo que a interina vai fazer mais uma festa hoje para celebrar a nova prisão do meu pai… e a culpa é minha? Isso não está nada normal! Jantar pela prisão do meu pai no PTB! Mais uma farra das loiras! Com champanhe e tudo mais! O ‘plano’ delas dando certo!”, afirmou em publicação no Twitter insinuando intenção de Nienov em ocupar permanentemente o lugar de Jefferson.
Em setembro, o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a saída do líder afastado do PTB do presídio de Bangu 8 para um tratamento médico no Hospital Samaritano Barra, no Rio de Janeiro. No entanto, ainda não foi emitida uma nova ordem para seu retorno à cadeia. Por isso, segundo sua filha, a comemoração promovida pela presidente interina teria sido cancelada.
“A propósito meu pai continua no hospital! Não foi preso não! Não tem nenhuma decisão mandando prendê-lo e espero que não tenha! Ninguém quer que ele volte pra prisão! Nem o Estado do RJ! Estranho… será que tem gente querendo ele preso?”, questionou em outra publicação.
Nienov afasta a possibilidade de conflito entre ela e o líder do PTB. Já divulgou nas redes sociais as cartas, que teriam sido escritas por Jefferson, em que ele, segundo ela, demonstra seu apoio à presidente interina.
“Minha lealdade ao meu líder é inquestionável, fica claro na carta escrita hoje por ele. Lealdade não é ficar gritando nas redes sociais, mas sim demonstrar no dia a dia parceria, respeito e companheirismo”, afirmou a presidente em exercício da sigla.
De acordo com Cristiane, no entanto, Nienov teria forjado os documentos. “Meu pai assume que Graci forjou documentos para pegar mais uma ‘confirmação’ da ‘fraqueza’, imaturidade e irresponsabilidade dela em divulgar documentos que obviamente iriam prejudicar meu pai que estava convalescendo num hospital”, disse.