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Palco de guerras entre brasileiros e peruanos, Marechal Thaumaturgo completa 29 anos de emancipação

Por TIÃO MAIA, PARA CONTILNET

Marechal Thaumaturgo vista de cima. Foto: Reprodução

O município e Marechal Thaumaturgo, localizado nas confluências das águas do Rio Juruá com o Rio Amônia, na fronteira do Brasil com o Peru, no Ato Juruá, que completa 29 anos de autonomia política e administrativa nesta sexta-feira (5), foi o local onde se escreveu o ultimo capitulo da Revolução Acreana. Naquele 5 de novembro de 1904, militares e civis brasileiros liderados ordenados pelo Marechal Thaumaturgo Gregório de Azevedo, que dá nome ao município, liderados pelo Capitão Francisco D’Ávila e Silva, derrotavam tropas peruanas que tentavam se apossar das terras da Foz do Rio Breu até a Foz do Rio Amônia.

Os peruanos queriam fundar ali uma cidade para a qual já tinham dado até nome: Nueva Iquito. Ao saber da presença de peruanos na região, Marechal Thaumaturgo de Azevedo, então baseado em Cruzeiro do Sul, cidade que ele també4m fundara no início do século passado, reuniu um pequeno exército e singrou as águas do Juruá para enfrentar os invasores. O que seria o município de Thaumaturgo no futuro, foi transformado em campo de batalha. Até hoje, resquício de trincheiras abertas no solo, mostram que ali foi um teatro de operações de guerra, com homens armados, no combate homem a homem. Os brasileiros conseguiram expulsar os peruanos e a paz voltou a reinar no lugar.

No entanto, a cidade e o município de Marechal Thaumaturgo só vieram existir oficialmente muitos anos depois, em especifico no dia 28 de Abril de 1992 – com instalação no dia 01 de Janeiro de 1993. História e fato que fazem desse recanto de Brasil umas das mais antigas cidades do Acre, por direito histórico – quase da mesma idade de Cruzeiro do Sul e Sena Madureira.

Hoje, passado mais de um século do histórico conflito armado, o Thaumaturguense muito se orgulha de sua história – de ter lutado para ser acreano, assim como o Acre lutou para ser território brasileiro.

Das poucas dezenas de habitantes das terras do antigo Seringal Minas Gerais, a população hoje é estimada em mais de 17.987 habitantes, segundo o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os quais muito se orgulham e se vangloriam de morar no único município do estado do Acre com a presença de 05 etnias indígenas diferentes – sendo exemplo de politicas sustentáveis e preservação do meio ambiente para o Brasil e para o mundo. Outro motivo de orgulho local é que o município detém o maior legado de Chico Mendes – as reservas extrativistas. Ali, em 1990, foi criada a primeira Reserva Extrativista do Brasil – A Reserva Extrativista do Alto Juruá!

Marechal Thaumaturgo tem uma história bonita que continua sendo construída e inscrita, nesse pedaço de terra, pelos filhos, netos e bisnetos que aqui estiveram há 117 anos, comemorados junto com os 29 anos) de sua emancipação politica e administrativa. O município, durante mais de um século, era uma pequena vila de Cruzeiro do Sul, da qual foi desmembrado.

É um dos poucos municípios brasileiros administrado por um legítimo indígena, o cacique Isaac Piyãko, do PSD, eleito em 2016 e reeleito em 2020, do povo Ashannbinbka do rio Amônia. A propósito, os primeiros habitantes do que um dia se tornaria o município de Marechal Thaumaturgo foram os Arara Shawãdawa, um povo Pano (ou Nawa), que atualmente habita a Terra Indígena Jaminawa-Arara do Rio Bagé, localizada dentro dos limites do município. Também habitam a Terra Índigena Arara do Igarapé Humaitá, localizada no vizinho Município de Porto Walter.

A sede do município situa-se à margem esquerda do rio Juruá, na foz do rio Amônia. Os transportes fluvial e aéreo são os únicos meios de acesso a Marechal Thaumaturgo. O município possui uma forte dependência econômica com Cruzeiro do Sul, através do rio Juruá.

Sua economia é incipiente, baseada na agricultura de subsistência e na pecuária. Os agricultores da região costumam cultivar as praias dos rios Juruá, Amônia e Arara com feijão, macaxeira, batata-doce, amendoim e melancia. As atividades extrativistas (látex e açaí) estão praticamente extintas devido a inviabilidade econômica e social.

A área do município é de cerca de 7 744 km². Marechal Thaumaturgo limita-se ao norte com os municípios de Tarauacá e Porto Walter, ao sul e ao oeste com o Peru, e a leste com o município de Jordão.

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