18 de abril de 2024

Paraguai pede expulsão de preso no Brasil, que é procurado como ‘temido sicário’

As autoridades paraguaias já solicitaram ao Brasil a expulsão de Delio Martinez, de 22 anos, que foi preso na sexta-feira (5), em uma casa do município sul-mato-grossense de Coronel Sapucaia, na linha de fronteira entre o Brasil e o Paraguai, junto com outros três homens. Os quatro são suspeitos de envolvimento em crimes de pistolagem na região, incluindo execuções recentes, como a chacina em que quatro pessoas morreram, entre elas a filha do governador do Estado de Amambay.

No país vizinho, Delio é procurado por um feminicídio e um homicídio, além de ser suspeito de outros crimes do tipo.

Do lado de lá da fronteira, segundo a Polícia Nacional do Paraguai, o homem é conhecido por ser um “temido sicário”.

Ainda conforme descrito, ele atua em Capitán Bado, Coronel Sapucaia, cidades separadas por uma rua, além de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã, que têm a mesma situação geográfica.

A prisão

Delio, conhecido como “Martinez”, estava em imóvel da Vila Industrial, na cidade sul-mato-grossense fronteiriça a Capitan Bado, no Paraguai, onde mais três pessoas foram capturadas durante ação do Batalhão de Choque da Polícia Militar na sexta-feira.

Uma denúncia de que ali era um esconderijo de pistoleiros levou os policiais até o local.

O flagrante foi por tráfico de drogas, associação para o crime e posse ilegal de arma de fogo, mas pesa contra os capturados a suspeita de envolvimento em execuções sumárias.

Os quatro tiveram posturas diferentes na hora do interrogatório policial, feito na Defron (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira), em Dourados, para onde foram levados por questão de segurança, em razão do grau de periculosidade.

O que disseram

Tiago Ledesma Costa, de 23 anos, brasileiro, admitiu ser dono dos cinco quilos de maconha encontrados na casa onde ocorreram as prisões. Mas não forneceu detalhes, avocando o direito de permanecer em silêncio. Ele era foragido da Justiça, pois tinha mandado de prisão em aberto por tráfico de entorpecentes.

Vitor Nunes Dias, de 21 anos, natural de Coronel Sapucaia, negou qualquer participação nos fatos. Disse que os “paraguaios” são seus vizinhos, que estava em sua casa e só correu da equipe de segurança pública porque tem registros policiais. Ele já foi preso por tráfico de drogas.

O dono do imóvel, identificado como o paraguaio Delio Martinez, admitiu que a pistola apreendida é sua. Alegou ter tentado fugir por medo, pois teve um irmão assassinado tempos atrás.

Justificou ter comprado a arma cinco meses atrás, para a própria proteção. Não citou o caso de feminicídio.

Delio afirmou que, entre os capturados, conhecia apenas Carlos Daniel Ferreira Lima, 20 anos, de nacionalidade paraguaia, que teria vindo para o lado brasileiro há apenas 15 dias. Disse ainda que os dois estavam atuando na colheita de mandioca.

Em relação a Carlos, não há ainda, pelo menos no auto de prisão, informação sobre existência de ficha criminal.

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MP-MS), ao se manifestar sobre os flagrantes, pediu a manutenção das prisões.

A análise será feita em audiência de custódia, que deve ocorrer nesta segunda-feira (8)

Fronteira de sangue

O município onde ocorreram as prisões, Coronel Sapucaia, fica a 160 km de Ponta Porã, que teve, no mês passado, mais de 15 mortos em crimes com características de pistolagem, entre eles a filha de um governador paraguaio.

Haylee Carolina Acevedo Yunis, de 21 anos, filha de Ronald Acevedo, governador do estado de Amambay, no Paraguai, foi morta junto com mais três pessoas, na saída de uma festa.

Existe a suspeita por parte da polícia de que os quatro capturados sejam ligados a facções criminosas que estão em guerra pelo controle do crime na região.

Com os homens, foram encontrados 5 quilos de maconha, uma pistola 9 mm, munições, carregador, além de celulares.

Tudo foi apreendido. Os celulares devem ser periciados à procura de informações que colaborem com o trabalho investigativo.

Perseguição

As prisões aconteceram depois de denúncia ao canal 181. A indicação dada foi de que suspeitos de envolvimento nos crimes de pistolagem na fronteira recentes estariam em Coronel Sapucaia.

Na hora da abordagem, os suspeitos tentaram fugir, de acordo com a Polícia Militar. Para isso, pularam muros e invadiram residências próximas, conforme o relato do Batalhão de Choque da Polícia Militar.

A linha de fronteira recebeu reforço na segurança um mês atrás, quando a violência teve um recrudescimento, com cinco mortes em menos de 24 horas.

Além da chacina já citada, um dia antes o vereador de Ponta Porã, Farid Afif, de 37 anos, foi morto quando andava de bicicleta. Ninguém foi preso ainda por esse homicídio, que está sob investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) de Campo Grande.

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