Depois de um período de otimismo, com o controle da Covid-19 entre meados de abril e agosto deste ano, alguns países da Europa voltam a ver os registros de novos casos da infecção dispararem. Cientistas ouvidos pelo Metrópoles afirmam que a quarta onda da pandemia no continente é uma ameaça para todo o mundo, inclusive para o Brasil.
“Enquanto não vacinar todo mundo, se abrir mão do uso de máscaras, liberarmos aglomerações e não pedirmos o passaporte da vacina, é esperado que ocorram novas ondas. A doença é cíclica e novos ciclos serão evitados vacinando a população”, afirma a epidemiologista Carla Domingues, especialista em saúde pública.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem fazendo alertas recorrentes sobre a situação da Europa. Nessa segunda-feira (23/11), durante a conferência de abertura do Congresso Brasileiro de Epidemiologia, uma das diretoras da entidade, Mariângela Simão, afirmou que o mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia da Covid-19.
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Vacinação
Atualmente, a Europa vive uma situação heterogênea em relação à cobertura vacinal. Enquanto Portugal e Espanha têm 86,6% e 79,6% da população totalmente imunizada, respectivamente, a Alemanha segue com 68% dos habitantes com as duas doses ou dose única, a Áustria com 65%, a Estônia com 59% e a Rússia com 37%, segundo a plataforma Our World In Data.
A cobertura vacinal estagnada combinada com o avanço da variante Delta do novo coronavírus – em especial entre os não vacinados – e as flexibilizações das medidas de proteção são fatores que contribuíram para o aumento de casos.
“Assim como a maioria dos países estagnaram em 60% da população vacinada, mas com uma cobertura não homogênea, temos municípios muito bem na campanha de vacinação e outros que estão muito atrás, deixando suas populações mais vulneráveis”, afirma a epidemiologista.
Junto a isso, há a retomada das viagens para o exterior, que podem resultar em uma maior circulação do vírus.
Tempo de reação
A epidemiologista Carla Domingues lembra que a situação da epidemia da Covid-19 no Brasil tem uma defasagem de três meses em relação aos EUA e aos países da Europa. Foi assim no início da pandemia e ao longo de quase dois anos. “Vimos a pandemia começar nos países desenvolvidos e depois vir com mais força períodos depois”, recorda.
Para que o país não repita esse ciclo, a biomédica Mellanie Fontes-Dutra, pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e divulgadora científica pela Rede Análise Covid-19, afirma que é preciso acelerar ainda mais a vacinação por aqui, com o regime completo de duas doses.
“Também é preciso reforçar as medidas que impactam na transmissão, como o uso de máscaras principalmente em ambientes fechados, além da preferência por ambientes abertos e bem ventilados, assim como o distanciamento físico sempre que possível”, reforça Mellanie.