Governador do Rio Grande Sul e pré-candidato à Presidência da República em 2022 pelo PSDB, Eduardo Leite é o entrevistado do Canal Livre que vai ao ar na madrugada desta segunda-feira (1º), às 2h. Em conversa com os jornalistas Rodolfo Schneider, Fernando Mitre e Thays Freitas, ele fala sobre a disputa das prévias dentro do seu partido, do momento político do país e da recente decisão de tornar pública a sua orientação sexual.
“Entendi que pela posição que eu ocupo, era importante ajudar a mostrar: olha, sou gay e isso não interfere na minha capacidade de fazer a minha contribuição [política], numa atividade que escolhi para a minha vida e fiz profundas transformações no meu estado, na minha cidade sendo um homem gay. Era uma decisão que eu tinha tomado de longe, não é qualquer tentativa de exploração política, nem é algo que deve ser uma bandeira, embora quero deixar claro que sempre terá atenção ao respeito, a igualdade, a diversidade”, disse.
Leite explicou que já tinha tomado a decisão de falar sobre o tema antes de terminar o seu mandato porque, segundo ele, política não é só lidar com questões fiscais e financeiras, mas também ajudar a liderar e levantar assuntos do ponto de vista civilizatório.
Apesar de alguns ataques nas redes sociais, ele conta que as mensagens que recebeu foram, predominantemente, de apoio. “Tive muito mais acolhimento do que ataques, infinitamente mais. As pessoas expressando o seu reconhecimento me senti muito acolhido e pode ter colaborado para tantas outras pessoas terem coragem de falar para suas famílias, para seus amigos.”
Leite também comentou a decisão da Executiva Nacional do PSDB em analisar a regularidade das filiações de 92 prefeitos e vice-prefeitos paulistas, aliados do governador João Doria, que disputa com ele as prévias. Após a análise, a legenda decidirá se eles poderão ou não votar nas prévias do partido que escolherá o candidato à Presidência.
“Aquilo que o governador João Dória chama de choro, eu chamo de ética e de apreço às regras do jogo, porque democracia é isso. A democracia são as regras do jogo para que a gente possa conviver entre as diferenças. Eleições com regras definidas, quem vota, de que jeito que vai ser esse voto e qual será a periodicidade. Nós temos as nossas diferenças internas no partido e fazemos prévias para definirmos quem vai ser o candidato do partido. E essas regras tem que acontecer sob regras bem definidas”, explicou o governador do RS, que defendeu a atitude de Bruno Araújo, presidente do PSDB.
Durante a conversa, ele ainda defendeu a importância da terceira via em um país dividido politicamente, com problemas fiscais graves que comprometem o crescimento econômico e que atrapalha a vida da população. “A gente não pode oportunizar um novo segundo turno entre os extremos, entre os radicais, entre posições políticas que estão fazendo um enfrentamento que é nocivo ao Brasil”, disse. “Quem senta à mesa para buscar apoio tem que ter disposição de apoiar também. A gente não está na política, pelo menos eu, pelo que a política pode fazer para mim, eu estou na política pelo eu posso fazer através da política pelos outros”, finalizou.