25 de abril de 2024

Chegamos ao fim de 2021, mas em quais condições?

Exaustes.

A não ser que você componha o grupo de homens brancos detentores da maior parte da renda do país, não precise dormir e acordar pensando nos boletos, no preço do gás, da conta de luz e da comida. Um estudo que visou identificar as desigualdades econômicas envolvendo raça e classe no Brasil, identificou que 705 mil homens brancos que estão entre os 1% dos mais ricos do país possuem mais riqueza acumuladas que TODAS AS MULHERES NEGRAS que representam 26% da população brasileira, cerca de 32,7 milhões de pessoas (Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made/USP)/2021).

A população brasileira assistiu sistematicamente a morte de mais de 600 mil pessoas. Ao longo desse período o país foi/está “gerido” por um presidente que ridicularizou pessoas que usavam máscaras; que dispôs de incontáveis trocas de ministros e escândalos; fez divulgação de medicação sem comprovação científica e que agora traz prejuízos para quem fez uso;  dispensou a compra de vacinas nas primeiras ofertas o que poderia ter poupado muitas vidas, a esse conjunto de negligências e violências, nomeia-se: genocídio. A pandemia por Covid-19 não é responsabilidade do governo, o que ele fez com a pandemia sim. Eu poderia ficar horas por aqui DES-crevendo todo o escárnio desse DES-governo.

Fomos noticiades todos os dias da morte de conhecides, amigues ou familiares. Exaustes. Enlutades. Essa dor está cravada na nossa carne e a vida depois daqui não volta “ao normal” e nem nos tornamos “melhores por isso”. Dor é dor. Parece que precisamos pegar o barco e remar, mas em quais condições? E que barcos podem seguir? E quando o remo é feito de ossos? Como noticiado em Recife nas últimas semanas, os açougues e mercados reajustaram o valor de OSSOS pelo aumento da procura. Quem não morreu de Covid-19, padece de fome. Quem não morreu de Covid-19, perdeu um pouco de si todos os dias. Não dá pra escrever que sairemos melhores daqui. Aliás essa demanda de que é preciso aprender algo e estar “positivo”, como se fossemos destituídos do sentir, é aliada a uma lógica capitalista em que a vida é produto, em que é preciso sempre produzir algo mesmo em frangalhos.
Exaustes.

Encerro a coluna de hoje com Ailton Krenak (líder indígena, ambientalista, filósofo, poeta e escritor brasileiro): “A pandemia não veio para ensinar nada. A pandemia vem para devastar nossas vidas. Eu não sei de onde vem essa mentalidade branca de que sofrimento ensina. Essa ideia eu não tenho nenhuma simpatia com ela, se for para sofrer eu não quero aprender nada.”.

Para contatar a autora e conhecer mais sobre seu trabalho, acesse:
@psi.kahuana (https://www.instagram.com/psi.kahuana/). Kahuana Leite é Psicóloga graduada pela Universidade Federal do Acre (2019) e Mestranda em Psicologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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