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Cria do São Paulo e irmão de ex-BBB, Harison esclarece fama de ter colocado Kaká no banco

Por GE

Harison da Silva Nery foi o grande símbolo de uma geração da base do São Paulo que revelou nomes como Juan, Júlio Baptista, Fábio Simplício, entre outros. Camisa 10 e capitão do time que conquistou a Copa São Paulo de Futebol Júnior em 2000, o meia ganhou ainda mais fama por ter colocado Kaká no banco de reservas.

Contemporâneo de futebol e da base do São Paulo, Harison é dois anos mais velho do que Kaká, o que fez a história de ambos se cruzar, apesar de terem convivido pouco tempo antes de tomarem rumos distintos nas carreiras.

Atualmente com 41 anos, Harison vive nos Estados Unidos há quase uma década, sem planos de retornar ao Brasil. Na lembrança, histórias vividas no futebol que até hoje despertam a curiosidade dos torcedores, como a ter colocado o melhor jogador do mundo de 2007 no banco de reservas.

– Muita gente fala: “Ah, você deixou Kaká no banco de São Paulo e tal”, mas não tinha como não deixar. Ele era mais novo e a gente meio que subiu junto, mas eu que jogava, era o titular, camisa 10, faixa de capitão. Logo que o Vadão (técnico do profissional) chegou, o São Paulo teve um problema muito sério com alguns jogadores da posição. Uns estavam sem contrato, outros machucados. Ele (Vadão) teve que aproveitar a gente e o Kaká subiu junto, mas ele era meu reserva. Na verdade não era meu reserva, ele jogava junto comigo, aí ele teve um acidente. O São Paulo sempre jogava com dois meias. Era eu e ele. Quando ele teve um acidente que quase ficou paraplégico na piscina, ele ficou uns três meses sem jogar. O São Paulo contratou o Hugo, que entrou no lugar dele. Ele era reserva imediato de nós dois. Então essa é a história – conta Harison.

Não gosto muito dessa comparação, porque é uma comparação meio idiota. Cada um teve seu destino, joguei por vários países também e ele teve a trajetória dele. Acho que fiz uma história bonita no futebol, assim como a dele
— disse Harison.

E o destino foi um dos grandes responsáveis na carreira do último brasileiro a ser eleito o melhor do mundo. Harison lembra que Kaká foi promovido ao elenco profissional após Souza e Carlos Miguel, dois nomes importantes do São Paulo na época, ficarem sem contrato. Além disso, outro jogador apontado como promessa, o meia Hugo deixou o clube logo após ser campeão da Copinha.

– O Hugo não renovou o contrato porque era de outra pessoa. Aí o Kaká subiu junto comigo para o profissional, porque não tinha muito meia. O Souza estava sem contrato, Carlos Miguel sem contrato e então subiu todo mundo: eu, Júlio Baptista, Kaká, Jean, Fábio Simplício, subiu muita gente nesta época. O Vadão jogava no esquema de 3-5-2 e era um meia só. Então eu conversava sempre, porque era o mais velho, mais experiente até para a idade e vinha muito bem no São Paulo – conta Harison.

Carreira

Harison atuou profissionalmente por 13 anos, entre 2000 e 2013. No currículo, o meia passou por times importantes do futebol brasileiro. Além do São Paulo, passagens por Ponte Preta, Guarani e Paysandu. Fora do país, o ex-jogador atuou no Japão, Portugal, China e Arábia Saudita.

– Fiquei três anos no Japão, o cara para ficar três anos no Japão tem que se adaptar. Depois fui para Portugal e fiquei três anos, então os clubes procuram isso. Graças a Deus, tive muito destaque pelos times que passei. Por exemplo, fui para a Arábia Saudita muito pelo que fiz no União Leiria, me destacando em um time pequeno de Portugal. Tive chance de ir para o Porto, mas não concretizou por causa de uma briga do presidente com um treinador. Mas não me arrependo de nada que fiz, acho que minha carreira foi boa, passei por várias equipes boas de jogar – relembra Harison.

Morando em Atlanta, cidade do estado da Geórgia, nos Estados Unidos, Harison guarda com carinho as passagens por Ponte Preta e Paysandu, quando levou o time da cidade natal para a Série B do Brasileiro.

– Não tenho muito que reclamar da minha vida. Ganhei meu dinheiro, acho que foi uma boa carreira. No Brasil joguei onde queria, no São Paulo, estive no Guarani, na Ponte Preta. Na Ponte acho que foi o meu auge em termos de futebol. Voltei para o Guarani, tive duas passagens e uma muito boa no Paysandu. A gente subiu o Paysandu para a Série B após sete anos. Sou paraense e aquilo me instigou muito, queria provar que poderia ajudar um clube que praticamente me formou. Então acho que foi uma boa carreira.

Irmão no BBB

Longe dos holofotes no Brasil, Harison sentiu na pele o peso da fama e das redes sociais por causa do irmão mais novo, Hadson Nery, o Hadybala, que ficou conhecido ao ser um dos participantes do Big Brother Brasil de 2020.

Hadybala foi o terceiro eliminado do programa, mas o pouco tempo na casa mais vigiada do Brasil causou vários transtornos para a família Nery.

– Esse negócio do meu irmão foi complicado. Na verdade, não sabia que ele ia entrar no BBB, soube de última hora e vou te dizer que foi uma experiência muito ruim. Foi bom ver ele lá, mas para a família foi ruim, porque é muito complicado. Ele tem filho, tem minha mãe. Hoje em dia, esse negócio de reality show mexe muito com o povo e falam muita besteira. Mentem demais, ninguém mede esforços para acabar com a vida da pessoa. Foi muito complicado. Não recomendo para ninguém não – relembra Harison.

Futuro como treinador

Harison comanda atualmente uma escolinha de futebol do São Paulo na Geórgia. A meta do ex-jogador é ser treinador profissional. O desejo, no entanto, esbarra na vontade de seguir morando nos Estados Unidos. A vinda para o Brasil seria apenas após a consolidação da carreira fora do país.

Além de ter uma escolinha, Harison trabalha com cozinhas planejadas e serviços no ramo da construção civil. Bem estabelecido, o futebol tornou-se um passatempo do ex-jogador.

– Me adaptei muito rápido aqui, meu filho tem 11 anos e fala inglês perfeitamente. Então seria muito difícil voltar ao Brasil hoje. Penso em dirigir um time no Brasil, mas vou começar por aqui ou por algum lugar fora do país, tipo Portugal, China, Japão ou Arábia Saudita, lugares que joguei e tenho a porta aberta. Mas viver no Brasil é meio complicado para mim, acho que vai ser meio difícil. Na minha escolinha sempre passo para eles que o futebol não aceita desaforo. A gente tem que tratar o futebol como ele merece, com respeito. Fazer as coisas certas, porque lá na frente ele cobra e não tem vitória sem sacrifícios, não há vitória sem trabalho.

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