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“Eu poderia ter sido morto”: diz taxista que transportou “Novo Lázaro”

Por METRÓPOLES

Vinícius Schmidt/Metrópoles

Um taxista que preferiu não se identificar foi o responsável por levar o caseiro Wanderson Mota Protácio da cidade de Alexânia para Abadiânia. Isso ocorreu na manhã da última segunda-feira (29/11), poucas horas depois do homem ter matado três pessoas em Corumbá de Goiás, conforme a polícia.

Entre assustado e aliviado, o taxista sabe o risco que correu. Ele reconhece pode ter viajado por alguns quilômetros com a morte sentada bem ao seu lado:

“Eu poderia ter sido morto”.

Passagem para capital

Segundo testemunhas, Wanderson chegou na rodoviária de Alexânia e comprou uma passagem de R$ 35 para Goiânia, mas pouco antes do horário da saída do ônibus, ele decidiu ir de táxi até a cidade vizinha de Abadiânia. A atendente da empresa de ônibus se lembra do momento da compra, mas não observou nada de suspeito.

O taxista que fez a viagem com o criminoso contou ao Metrópoles que não suspeitava dos crimes cometidos pelo passageiro que estava levando. Ele disse que fez a viagem de forma rápida, pois nunca tinha visto o cliente e, quando isso acontece, fica cismado.

No meio do caminho, o táxi com Wanderson passou por uma barreira policial. Esse foi o único momento que o criminoso fez algum comentário, segundo o taxista.

“A gente encontrou com uma viaturas na beira da pista e ele falou: ‘Tem muita viatura na pista hoje’. Aí eu respondi que não, que ali era um posto estratégico que os policiais ficam tomando um cafezinho”, descreveu o taxista para a reportagem.

Mensagens perigosas

Durante o trajeto de 30 quilômetros entre as duas cidades, o taxista recebeu várias mensagens pelo WhatsApp de um amigo alertando sobre o perigoso bandido que estava à solta, mas o motorista só foi abrir o aplicativo depois que deixou o bandido na rodoviária de Abadiania.

“Foi meu anjo da guarda que não deixou eu abrir as mensagens na viagem. O celular estava no pára-brisa e o bandido estava sentado do meu lado. Não sei o que ele teria feito se eu tivesse olhado a mensagem e ele visse”, relatou o taxista.

Quando viu a foto do bandido pelo WhatsApp e reconheceu que era o passageiro que tinha acabado de deixar em Abadiânia, o taxista disse que gelou e ficou cerca de 10 minutos paralisado, em choque. Sua primeira atitude em seguida foi entrar em contato com um conhecido da Polícia Militar. Depois disso, o motorista deu depoimento para na delegacia. Ele conta que continua abalado e até hoje está com dificuldade pra trabalhar.

“Estou em choque até agora, não estou conseguindo trabalhar, não estou conseguindo andar na rua. Estou cismado e estou com medo. Parece que quando vou na rodoviária, ele vai chegar ali a qualquer momento de novo”

As buscas por Wanderson se concentraram em Abadiânia já na segunda-feira, mesmo dia que fez a viagem de táxi. Esse que foi o primeiro dia de buscas contou com helicópteros, cachorros farejadores e diferentes batalhões especializados da PM. Nesta quinta (2/12), muito da estrutura foi desmobilizada ou deslocada para outro ponto ainda desconhecido.

Homicídios

Os crimes em série de Wanderson Protácio teriam sido praticados no fim da tarde de domingo (28/11). De acordo com a Polícia Civil, o jovem teria matado a facadas a própria esposa, Raniere Aranha Figueiró, de 19 anos, e a filha dela, Geysa Aranha da Silva Rocha, de 2 anos.

Na sequência, o caseiro invadiu a casa de um vizinho, roubou o revólver dele e matou a tiros o produtor rural Roberto Clemente de Matos, de 73 anos. Ele teria cometido o crime para roubar uma camionete. Neste mesmo episódio, teria tentado estuprar a esposa da vítima, de 45 anos, não conseguiu e a baleou. A mulher sobreviveu.

A caminhonete roubada foi abandonada em uma rodovia da região. Wanderson vendeu o celular que pertencia a sua esposa a um receptador de Alexânia, que acabou sendo preso.

Faca

Essa onda de crimes não é única passagem de Wanderson pelo mundo do crime. Em 2019, ele esfaqueou várias vezes uma jovem de 18 anos no dia do aniversário dela. O caso foi em Goianápolis (GO). O agressor só parou com os ataques porque a faca quebrou. Ele chegou a ser preso pela tentativa de feminicídio, mas foi solto.

Chama a atenção o caso de Wanderson e as semelhanças com a história do criminoso Lázaro Barbosa, de 32 anos, que cometeu crimes em série no Entorno do DF em junho deste ano. Após cometer homicídios em sequência, o também caseiro passou 20 dias fugindo das forças policiais na região, até ser morto em um confronto no dia 28 de junho.

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