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Falta dinheiro para o esporte olímpico brasileiro?

Por REDAÇÃO

© Marcello Casal JrAgência Brasil

A cada quatro anos enquanto acontecem os Jogos Olímpicos, uma outra coisa acontece no Brasil, uma discussão sobre as razões por trás do fato de o país não ser uma potência olímpica. Afinal de contas, o Brasil é a sexta nação mais populosa do mundo, com mais de 213 milhões de habitantes, além de ser uma das dez maiores economias do planeta.

Apesar disso, nosso melhor desempenho em uma Olimpíada foi, justamente, neste ano em Tóquio, quando os atletas brasileiros conquistaram 21 medalhas no total, sendo 7 de ouro, 6 de prata e 8 de bronze. Superando o desempenho no Rio de Janeiro, quando o país levou 19 medalhas para casa. Mas mesmo assim, ficamos de fora do ranking dos dez países com mais medalhas nessa edição da Olímpiada. Aliás, em toda a história, o Brasil nunca ficou entre os dez países com mais medalhas em uma edição dos Jogos Olímpicos.

Em Tóquio, ficamos atrás de outras nações com populações bem menores que a nossa, como a Holanda e o Reino Unido. Mas o que falta para o país se tornar uma grande potência olímpica? ¿Será que falta investimento? É sobre isso que nós da Betsonly.net falaremos nesse texto.

Primeiro, é preciso entender a história do esporte olímpico no Brasil. |Nossa primeira participação em uma Olímpiada foi em 1920, na Antuérpia, onde enviamos 21 atletas e voltamos com três medalhas, todas conquistadas no tiro esportivo. De lá para cá, o Brasil enviou atletas para todas as Olimpíadas, com exceção de Amsterdam, em 1928. Ao longo das décadas o país passou a ser bastante competitivo em esportivos coletivos, como vôlei, futebol e handebol, por exemplo. No entanto, os esportes coletivos não distribuem tantas medalhas assim.

Já nos esportes individuas, o país sempre dependeu de grandes nomes que conquistavam muitas medalhas, como o velejador Robert Scheidt e o nadador César Cielo, por exemplo. Até pouco tempo atrás, o Brasil nunca pareceu ter um planejamento claro para o desenvolvimento de atletas de alta performance e sempre pareceu contar com a “sorte” para que grandes ídolos surgissem e conquistassem medalhas para o país.

Nesse sentido, um dos grandes “vilões” apontados como responsável pelo desempenho olímpico abaixo da média sempre foi o dinheiro, ou melhor, a falta dele. Contudo, nos últimos anos o investimento no esporte olímpico brasileiro vem aumentando bastante e alguns especialistas já dizem que a falta de dinheiro não é mais o principal problema do esporte olímpico brasileiro. Segundo eles, o principal problema, atualmente, será a má distribuição dos recursos.

O jornalista esportivo Erich Beting, por exemplo, aponta como principal problema o fato de que quase todo o investimento olímpico no Brasil, vá para o esporte de elite e quase nenhum dinheiro é gasto na formação de atletas. Ou seja, não existe investimento em infraestrutura, nem em profissionais e muito menos na formação de base. O Brasil, simplesmente, espera que os atletas se tornem atletas de ponto, sem que haja investimentos durante sua formação. “Mais do que dinheiro, o que o esporte precisa no Brasil é de um plano para melhor distribuição e utilização das centenas de milhões de reais de recursos que existem”, diz Beting. Essa também é a opinião de Marco Antonio Bortoleto, professor da Unicamp: “A questão é que outros países investem muito nas categorias de base e a consequência são resultados mais eficientes no esporte de alto rendimento. O que acontece no Brasil agora é que o investimento é muito grande, só que todo verticalizado nas equipes de ponta. Não é falta de dinheiro. É falta de organização, de profissionalização da gestão do esporte brasileiro.”

É claro que essa é uma discussão bastante complexa. Além da má distribuição de recursos entre a base e o esporte de alto nível, existe também a má distribuição de recursos entre esportes mais populares e menos populares. Em alguns esportes, por exemplo, os atletas são profissionais muito bem remunerados que não tem dificuldade alguma para sobreviver do esporte.

Já em outros esportes, os atletas dependem de bolsas e ajudas para sobreviver e muitas vezes passam dificuldades financeiras sérias, que os impedem de se dedicar totalmente ao esporte que praticam, minando a sua chance de representar bem o Brasil em uma Olimpíada. Não são poucas as notícias de atletas olímpicos, muitos até medalhistas, que têm que exercer outras profissões para poder pagar suas contas. Por isso, podemos dizer que o Brasil tem um longo caminho a percorrer antes de se tornar uma potência olímpica.

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