O hotel operava com 20% da capacidade e não resistiu aos prejuízos financeiros provocado pelo fechamento durante o período mais crítico da pandemia. Segundo a HM Hotéis, administradora do Maksoud e a Hidroservice Engenharia, controladora do hotel, os últimos hóspedes deixaram a unidade ao meio-dia de segunda-feira (6).
O diretor e ator norte-americano Quentin Tarantino, aos 29 anos, durante entrevista no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, em outubro de 2006 — Foto: Márcia Zoet/Estadão Conteúdo/Arquivo
Inaugurado em 1979, o hotel foi o primeiro cinco estrelas da cidade. Dentre os hóspedes ilustres, é famosa a história do cantor Axl Rose, vocalista da banda Guns N’ Roses.
Em dezembro de 1992, ele se irritou com a presença de repórteres no hotel e atirou do mezanino, na madrugada, uma cadeira em direção a jornalistas que estavam no térreo.
O edifício foi um dos primeiros do país a ter atrium lobby e elevadores panorâmicos. Em 1981, Frank Sinatra apresentou-se no Salão Nobre do hotel.
A cantora norte-americana Sheryl Crow concede entrevista coletiva no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, em novembro de 1995 — Foto: Silvio Ribeiro/Estadão Conteúdo/Arquivo
O local foi frequentado por mais cantores famosos. Foi lá que Michael Jackson se hospedou em 1993, quando esteve em São Paulo para fazer um show no Estádio do Morumbi, Zona Sul da capital.
A cantora norte-americana Sheryl Crow deu uma entrevista coletiva no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, em novembro de 1995.
Maksoud Hotel em SP — Foto: Instagram Hotel Maksoud/reprodução
Outro hóspede que aproveitou as dependências do Maksoud para conceder entrevistas foi o diretor Quentin Tarantino, famoso por filmes como Pulp Fiction Kill Bill. Ele se hospedou no hotel em outubro de 2006.
Há também um registro do ator egípcio Omar Sharif durante entrevista no Hotel Maksoud Plaza, em março de 1981. O papel mais conhecido dele é o de protagonista em “Doutor Jivago”. Sharif foi indicado ao Oscar de melhor coadjuvante por “Lawrence da Arábia”.
Retrato do ator egípcio Omar Sharif durante entrevista no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, em março de 1981 — Foto: Mario Leite/Estadão Conteúdo
Ao longo dos últimos 42 anos, artistas brasileiros também se hospedaram no Maksoud Plaza, especialmente nas décadas de 70 e 80, como João Gilberto. Há registros de show de Gonzaguinha e de Martinho da Vila.
O Maksoud Plaza hospedou ainda os príncipes Rainier e Albert, de Mônaco, a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margareth Thatcher, os Rolling Stones, Ray Charles, a atriz francesa Catherine Deneuve e o diretor espanhol Pedro Almodóvar, entre tantos outros.
Os clientes que tinham reservas futuras serão reembolsados. A HM Hotéis diz que prosseguirá no segmento de hospitalidade, utilizando a marca Maksoud Plaza. A empresa busca parceiros para um projeto com a marca em um novo endereço.
O cantor e compositor Gonzaguinha é visto durante show no Maksoud Plaza, em São Paulo, em agosto de 1988 — Foto: Sérgio Amaral/Estadão Conteúdo/Arquivo
Nos anos 1980 e 1990, o 150 Night Club foi uma das casas de espetáculos mais disputadas do Brasil. Músicos como Tom Jobim, Julio Iglesias, Bobby Short, Alberta Hunter, Etta James, Billy Eckstine, Buddy Guy e Dorival Caymmi fizeram shows memoráveis no local.
Em 2015, o Frank Bar foi inaugurado e que entrou na lista dos melhores bares do mundo, segundo a World’s 50 Best Bars.
Retrato do cantor e compositor Martinho da Vila durante show no Maksoud Plaza, em São Paulo, julho de 1987 — Foto: Norma Albano/Estadão Conteúdo/Arquivo
Recuperação Judicial
No ano passado, por conta das dívidas, a administradora do Maksoud e a Hidroservice Engenharia entraram com um pedido de recuperação judicial avaliado em R$ 81 milhões, excluindo as dívidas tributárias, junto à Justiça de São Paulo.
Com a recuperação judicial, as empresas conseguiram reduzir e alongar o prazo de pagamento das dívidas, utilizando-se de imóveis que compunham o patrimônio do grupo.
As dívidas incluídas na recuperação foram reduzidas pela metade e parceladas para pagamento em até 23 anos – com exceção dos créditos trabalhistas, que serão pagos em até 12 meses.
O grupo também renegociou outros débitos herdados pela HM Hotéis que não estavam incluídos no processo, como dívidas tributárias.
O endividamento fiscal federal total do grupo foi reduzido em mais de 60% e o saldo remanescente parcelado em até 10 anos.
No caso do hotel, o prédio e seu terreno foram arrematados em 2011, em leilão da Justiça do Trabalho, para pagar dívidas trabalhistas do grupo.
O leilão, porém, foi suspenso pela Justiça, e as partes entraram em acordo para encerrar a disputa judicial. O grupo seguirá com a marca, mas o prédio deverá ser entregue até o final do ano.