A vida não está fácil pra ninguém, tampouco para os servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que respondem ao delegado Alexandre Ramagem e ao general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional.
Embora bem disfarçados como previsto nos manuais da espionagem, alguns deles foram identificados circulando em meio a uma reunião do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado, entidade que reúne 37 associações e sindicatos.
Ali foi decidido que a elite do funcionalismo, para pressionar o governo federal a conceder reajuste salarial generalizado, fará paralisações de um ou dois dias em janeiro e, se for o caso, até mesmo uma greve geral sem data para acabar a partir de fevereiro.
Quem mandou o presidente Jair Bolsonaro, que só tem olhos para seus devotos, aumentar o salário dos servidores da área de segurança pública? O benefício deverá custar algo como 1,7 bilhão de reais, previstos no Orçamento da União de 2022.
Ou não dá para ninguém ou dá para todos, foi o que ouviram e registraram os espiões da Abin. A Casa Civil recebeu a minuta de um decreto que regulamenta o bônus por desempenho para auditores da Receita Federal que já fazem operação-padrão.
Significa que passaram a gastar mais tempo com tarefas que antes eram rápidas. No Porto de Santos, por exemplo, a liberação de contêineres levava cerca de uma hora. Agora, entre 24 e 48 horas, o que implica numa perda de arrecadação de 125 milhões de reais.