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Para participar de catalogação de artefatos arqueológicos, pesquisadores da URFJ e USP vem ao Acre

Por MARIA FERNANDA ARIVAL, PARA CONTILNET

Pequenos artefatos que foram restaurados durante a catalogação. Foto: Cedida

As pesquisas arqueológicas no Acre são conhecidas por boa parte dos estudiosos da área, principalmente pela quantidade de geoglifos que já foram encontrados no estado. Em virtude dos vários sítios arqueológicos, diversos estudantes de todo mundo visitam o Acre para concluir suas pesquisas.

Em novembro de 2021, dois doutorandos do sudeste do Brasil visitaram o Acre para conhecer mais de perto os materiais escavados dos sítios arqueológicos e auxiliar a Divisão de Patrimônio Histórico e Cultura da Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) a catalogar todos esses materiais.

O aluno de doutorado do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da Universidade de São Paulo (USP), Cliverson Pessoa, que está investigando as cerâmicas arqueológicas encontradas nas estruturas de terra, entre as quais estão os Geoglifos e a doutoranda do Museu Nacional vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Angislaine Costa, que é especialista em cerâmica da região do Alto rio Madeira está colaborando com as análises dos artefatos cerâmicos.

Angislaine Costa, Cliverson Pessoa, Jane Coelho e Raquel Frota na FEM. Foto: Cedida

“Conheço a Jane Pessoa que é chefe da Divisão do Patrimônio Histórico e Cultural e ela havia  dito que as coleções provenientes das escavações dos sítios de Geogrifos encontrava-se na Fundação Elias Mansour, falando que podíamos fazer uma parceria. Chegamos no Acre no início de dezembro”, conta Angislaine Costa.

“Nós analisamos cerca de 500 fragmentos cerâmicos de sítios tipo geoglifo para minha tese. Estamos em conversa com pessoas e instituições interessadas para criar um ambiente de discussão acerca do patrimônio arqueológico do Acre”, conta Cliverson Pessoa, que já trabalhou com arqueologia na então Secretaria de Estado de Infraestrutura e Obras Públicas (SEOP), hoje SEINFRA.

Durante as últimas duas décadas, o Governo do Acre, através da FEM, financiou diversas pesquisas arqueológicas realizadas no Acre, e por isso, parte do material encontrado está sob guarda da FEM. De acordo com a coordenadora do núcleo de arqueologia da FEM, Raquel Frota, em outubro de 2020 foi assinado um termo de cooperação técnica com a Universidade Federal do Acre (Ufac), em que a FEM se compromete em enviar todo o material arqueológico para o Laboratório de Arqueologia do Centro de Arqueologia e Antropologia Indígena da Amazônia Ocidental (Caainam) da Ufac.

Cerâmica encontrada no Geoglifo Atlântica após ser restaurada. Foto: Cedida

A catalogação

Para realizar o envio dos materiais, eles precisam ser catalogados e por isso, diversos profissionais se reuniram para realizar este trabalho: os alunos de doutorando Cliverson Pessoa e Angislaine Costa, a coordenadora do núcleo de arqueologia da FEM e doutoranda em antropologia com concentração em arqueologia pela Universidad Católica del Norte y Universidad de Tarapacá Raquel Frota, a chefe da Divisão de Patrimônio Histórico e Cultura e arqueóloga, Jane Pessoa Coelho, além dos artistas Darci Selles, Luiz Carlos Gomes e Yana Valente.

A restauração das peças também foi um processo da catalogação. Foto: Cedida

De acordo com Raquel, a pesquisa dos doutorandos versa sobre a existência de uma teia de comunicações culturais materiais e imateriais entre a região dos estados do Acre e Rondônia. “Percebemos evidências na forma como as cerâmicas foram confeccionadas, no material utilizado, bem como na decoração. Existem semelhanças, contudo precisamos estudar mais para chegar a maiores conclusões”, afirma.

“A experiência foi muito boa, fomos bem recebidos por todos na FEM, inclusive pelo presidente. Todos estavam interessados nos artefatos cerâmicos e como funciona o trabalho da Arqueologia. Uma troca de experiências entre os diferentes atores: artista plástico, ceramista e aluna de graduação em História da Ufac”, explica Angislaine.

“Para minha pesquisa foi importante o reconhecimento desse patrimônio, a comunidade acadêmica conhece mais sobre os geoglifos e pouco sobre os artefatos recolhidos em escavações arqueológicas. Estamos trabalhando para mudar esse quadro,  nosso objetivo é entender como esta cultura material confeccionada por diferentes povos indígenas foi utilizada nos sítios geoglifos.Foi uma experiência bastante positiva”, conta Cliverson.

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