Não sei o que era. Não sei se era jacaré, ou uma cobra, um boto. Só sei que eu me assustei e soltei o peixe na hora porque o Madeira é imprevisível”, relembra.
De acordo com o biólogo Flávio Terassini, o mais provável é que o “animal misterioso” seja um boto-cor-de-rosa que é muito comum nos rios da Região Norte, e até lenda do folclore brasileiro.
“Eles comem peixe, devem ter sentido o cheiro do peixe e chegado próximo ao pescador está segurando a pirarara”, comenta o biólogo.
Um dia antes da aparição do animal misterioso, João pescou uma pirarara que pesou mais de 50 kg. Conforme ele, foram necessários cerca de 20 minutos para conseguir puxar o peixe e colocar dentro do caiaque.
“No outro dia meu braço estava todo dolorido”, diz.
Para João, a pescaria funciona como momento de calmaria e relaxamento da rotina de trabalho e outras questões do cotidiano.
“Como eu pesco no caiaque, ele vai me levando pelo rio. Então a pesca vai ficando mais emocionante e ao mesmo tempo muito perigosa […] Como eu sou bombeiro, trabalho no grupamento aéreo, a gente tem momentos muito tensos. Eu brinco que minha terapia é a pesca”, comenta.
No Madeira existem cerca de 1,2 mil espécies de peixes, uma quantidade equivalente a 40% de todas as espécies da bacia amazônica. O rio abriga uma das maiores diversidades de peixes do planeta.
Todos os rios de Rondônia, em algum momento, desaguam no Madeira. Diante disso, a preservação da bacia amazônica depende, sobretudo, da preservação do rio Madeira.