Pelo quarto ano seguido, o deputado estadual Jenilson Leite (PSB) é o parlamentar mais produtivo da Assembleia Legislativa do Acre. Foram 1.066 proposições, sendo 1.005 indicações, 23 requerimentos, 32 projetos de lei, 4 moções de aplausos e 2 títulos de cidadão acreano. Se somarmos os três anos do mandato, são 4.662 proposições.
Leite está em seu segundo mandato, em 2018 foi eleito com 8.253 votos, o dobro do que recebeu quando elegeu-se deputado no primeiro mandato, Tarauacaense de nascimento, este ano recebeu o título de cidadão bujariense e cidadão rio-branquense. Além dos números, Jenilson, que é vice presidente da Aleac, coleciona embates na tribuna do parlamento acreano: saiu em defesa dos trabalhadores da Saúde, Educação e Segurança, levando para as discussões nas comissões, plenário e audiências públicas as lutas desses servidores.
Junto com os colegas, mediou os conflitos e diálogos do Governo com os servidores da Saúde que ameaçavam greve caso não tivessem os direitos garantidos; eles passaram o ano inteiro em busca de reajuste, melhores condições de trabalho, etapa alimentação e abertura de concurso público, por exemplo. Apresentou três emendas ao orçamento de 2022 para pagamento de abonos e da etapa alimentação, que foram derrubadas.
Na segurança, foi incansável em busca de uma solução para os aprovados no cadastro de reserva dos concursos das polícia Civil e Militar e pela lei orgânica para regulamentar a situação dos policiais penais.
Na educação, entre outras defesas, apresentou na Aleac um projeto de lei de sua autoria que solicitava internet e aparelhos de computador para professores de escolas públicas. A matéria foi colocada como inconstitucional, logo em seguida o governo enviou ao Poder Legislativo um PL semelhante.
Em 2021, Jenilson que também é médico infectologista, realizou 24 ações de saúde nos municípios acreanos onde leva consultas, exames e medicação.
O deputado, que entre suas formações é ainda técnico agrícola, defende o desenvolvimento econômico do Estado a partir das riquezas naturais, e tem buscado mostrar ao Executivo o potencial do açaí e o café e da implementação de um programa estadual de expansão da criação de suínos e aves no estado do Acre em uma cadeia já consolidada.
De origem indígena, nascido no Seringal Mucuripi, no alto do Rio Muru, distante 5 dias de viagem de Tarauacá, no interior do Acre, Jenilson tem 44 anos e teve seu nome posto como pré-candidato ao Governo do Acre.
Em uma entrevista ao ContilNet falou sobre o ano parlamentar e os desafios que estão à frente.
ContilNet: Deputado, mais um ano o senhor foi o deputado mais produtivo da Aleac. Como avalia sua atuação como deputado em 2021, o fator pandemia dificultou ações?
Jenilson leite: Olha, o nosso mandato terminou o ano de 2021 recebendo o reconhecimento como o mandato mais produtivo do ano. É um título que a gente já mantém durante quatro anos. Por quatro anos seguidos eu venho sendo o deputado mais produtivo da Assembleia. Isso é uma conquista que também é uma prestação de contas. É esse resultado não advém só do meu trabalho, advém de todo um grupo de pessoas que estão no nosso gabinete e também aqueles que estão ligado diretamente e aqueles que nos ajudam por afinidade a fazer um mandato cada vez mais útil pra população. Eu sempre valorizei muito essa oportunidade que a população me deu de ser um representante do povo, é por isso que me esforço pra fazer o melhor possível pela nossa população. A pandemia dificultou sim as ações de todos os setores da vida. É óbvio que pelo fato de também eu ser médico infectologista e os conhecimentos que eu tenho nessa área, me possibilitaram também render mais, ajudar mais, inclusive extrapolando um pouco as barreiras do parlamento e chegando até a população por outros meios que é pelo sistema de saúde, onde ajudei nas UTIs, fui para os municípios que não tinham infectologista especialista para poder ajudar, realizamos campanhas, como a Máscaras pela Vida, que foi a maior campanha preventiva que o estado fez, enfim, estou satisfeito com o trabalho que todos nós deste mandato fizemos durante 2021.
ContilNet: Para quais áreas foram distribuídas suas emendas e qual total empenhado em 2021?
Jenilson Leite: Olha, minhas emendas elas foram disponibilizadas pra várias áreas: Saúde, Produção, movimentos sociais, Cultura, movimento sindical, organizações filantrópicas que fazem serviço social de apoio às comunidades carentes, também alocamos para a Educação, para o programa de recuperação de menores que está sendo organizado pelo Tribunal de Justiça, trabalhadores rurais. O total empenhado eu não tenho ainda a dimensão, mas acho que uns 70% do que nós colocamos no ano anterior foi empenhado.
ContilNet: Uma de suas bandeiras como parlamentar é o desenvolvimento econômico do Estado a partir das riquezas naturais. A exemplo temos seu esforço de mostrar ao Executivo o potencial do açaí e o café. Outro ponto é a importância da implementação de um programa estadual de expansão da criação de suínos e aves no estado do Acre em uma cadeia já consolidada. Pode falar um pouco mais a respeito disso?
Jenilson Leite: Olha só, pra que a gente possa enfrentar os problemas socioeconômicos que nós temos hoje, ou seja, a pobreza, a fome, a violência, nós temos que ter mais gente trabalhando, produzindo e tendo renda. O serviço público não está conseguindo absorver a quantidade de pessoas que estão economicamente ativa, preparadas pra trabalhar. Se nós não temos concursos públicos, se nós não temos no setor público os postos de trabalho, nós precisamos ampliar esses postos de trabalhos em outros setores. E entre outros, está o setor primário que é a agricultura, a pecuária, a criação de pequenos animais. A gente implementando cadeias como a do açaí, a do café, a do suíno, a das aves, melhorando e ampliando a pecuária, nós vamos conseguir gerar mais postos de trabalho, nós vamos conseguir trazer mais receita para o Estado, nós vamos conseguir ter mais arrecadação e nós vamos conseguir enfrentar a fome e a violência. Porque as pessoas acabam fazendo a opção pela violência, e grande parte delas fazem isso quando elas percebem que seu estômago está vazio e que elas não estão tendo de onde tirar o sustento para si e seus familiares, esse é um dos componentes fundamentais para gerar a violência no ser humano, e se nós não discutirmos como enfrentar isso a curto, médio e longo prazo, nós não vamos interromper essa ciranda em que a nossa juventude está praticamente sendo absorvida pela violência. Hoje nós temos oito mil presos no Acre, tudo fruto da busca de alternativas econômicas dentro do crime e isso resultou em oito mil presos que podiam estar produzindo, ajudando sua família, o Estado está sustentando eles. Então, se nós não tivermos uma estratégia para poder gerar postos de trabalho no setor primário que nós temos aqui a gente vai continuar deixando essa situação aí e vamos perder não só essa geração, mas outras gerações. Além disso, a partir da consolidação desse setor, ele induz o nascimento de outros setores como da indústria, da agroindústria e isso faz com que apareça a indústria de processamento do açaí, do café, da carne e outras culturas permanentes e isso gera novos postos de trabalho, gerando renda para as pessoas e isso gera dignidade. É dessa maneira que a gente enfrenta a violência, que a gente enfrenta os problemas socioeconômicos no nosso estado.
ContilNet- O senhor foi muito atuante no período da pandemia. Levantou a bandeira da importância e eficácia da vacinação, da urgência de iniciá-la no Acre, realizou a campanha “Máscaras pela Vida”, onde percorreu diversos municípios orientando a população e distribuindo máscaras. Chegou a se afastar por alguns meses da Aleac no pior momento da pandemia para atender nos hospitais. Pode falar a respeito dessas ações de saúde em período tão delicado?
Jenilson Leite- Sim, claro, acho que a primeira coisa que a gente precisa definir em uma situação de dificuldades e de que maneira diante de um problema você melhor ajuda. E no meio de uma pandemia onde nós estávamos buscando enfrentar um problema que é da minha área, por eu ser médico infectologista, eu me senti muito à vontade em contribuir de diversas maneiras. Primeiro no parlamento, fazendo posicionamentos públicos nesse momento tão difícil que nós atravessamos e ainda atravessamos, que é a tentativa de negar a ciência e o conhecimento científico de dar viés político à decisões científicas tão importantes ao ponto de fragilizá-las. Então, pude colaborar de diversas maneiras, ali como uma voz no parlamento, insistindo para que a gente pudesse usar máscaras, insistindo para que a gente confiasse na vacina e falando sobre as dificuldades que nós poderíamos enfrentar diante de uma baixa vacinação e de uma população que não se cuidasse, que não usasse máscara. Não foi fácil fazer esse enfrentamento e ainda não está sendo fácil. As consequências vieram e nós ainda estamos vivenciando no Brasil e no nosso estado, mas enfim penso que ali naquele posto que eu estava com autoridade que a mim foi dada pelo povo, eu cumpri o meu papel de dizer que nós precisamos sim ter o conhecimento científico como uma bússola para a boa caminhada da humanidade. E chegou o momento em que eu percebi que eu precisava ajudar também na assistência, por ser médico e haver muitos profissionais doentes, muitas escalas furadas em alguns municípios que estavam passando por dificuldades, muitas vezes por falta de orientação, então foi quando eu decidi entrar também na assistência me afastar da assembleia e poder atender as pessoas. Naquele momento de clamor, de dificuldade, de vulnerabilidade, de perdas e despedidas e enfim acho que com isso eu pude dar minha contribuição como médico, como ser humano e até baseado no que diz o Papa Francisco, que ‘os rios não bebem sua própria água; as árvores não comem seus próprios frutos e sol não brilha para si mesmo’, é o exemplo que a nossa natureza nos dá é que nós vivemos para os outros e temos que repetir ou replicar no dia a dia esse exemplo que a natureza nos dá, de a gente poder viver pros outros e buscar ser feliz com isso e fazer com que as pessoas também se sintam feliz pelas nossas obras.
ContilNet- Outo ponto em que foi muito ativo e combatente foi por melhoria aos servidores públicos no geral, especialmente nas áreas mais estratégicas para funcionamento do estado que são Saúde, Educação e Segurança, a Aleac como um todo atuou como mediadora de conflitos entre esses agentes e o Governo. Foram negociações satisfatórias, no seu ponto de vista?
Jenilson Leite- Então, a primeira coisa é que era preciso uma percepção muito antecipada do Governo que nós estamos vivendo, o que nós estamos vivendo em 2021 eh numa crescente inflacionária, numa desvalorização grande do salário e do poder de compra do servidor e era necessário que o Governo se programasse com antecedência para fazer aquilo que o governador anunciou em propagandas e que acabou não eh tendo condição de colocar em prática até o final do ano que foi o anúncio de reajuste salarial para os servidores públicos. Nós merecíamos, sim, ali no final do ano de uma melhoria salarial de servidores que se esforçaram, de servidores que se expuseram durante toda a pandemia que foram além daquilo que na sua vida passada estava acostumados a ir. Ou seja, ser professor no meio de uma pandemia, ser servidor da saúde no meio de uma pandemia, ser servidor da segurança no meio de um de uma pandemia. Teve custos, né? Para saúde e para vida de muita gente. E naquilo que estava a nossa disposição pra mediar, nós mediamos e fomos até onde era de nossa competência, levantamos problemas, fizemos audiências públicas, acabamos apresentando proposições e debates dentro da Assembleia para que florescesse o amadurecimento de um reconhecimento das condições de trabalho e também das condições salariais do nosso servidor. Mas é fundamental que um Governo queira olhar para o Acre do futuro, olhe para o servidor público e também foque muito no aumento da produção no estado porque é uma balança: se nós não produzirmos mais, se a gente não tiver condição de aumentar a oportunidade de trabalho e renda da nossa população, certamente o próprio servidor público lá na frente ele vai ter problemas, né? Porque às vezes pode ser que não tenha um recurso pra poder melhorar a sua condição de trabalho e renda.
ContilNet: Como avalia as ações da Assembleia Legislativa durante o ano de 2021?
Jenilson Leite- Avalio como muito positivas, o poder legislativo cumpriu o seu pape .atuando de maneira serena e muito intensa num dos momentos de maiores dificuldades que o a o povo acreano já passou, construindo pontes para que o Governo pudesse, diante das suas dificuldades inerentes às próprias características da gestão atual, pudesse ter mais facilidade de chegar até a população, todos os projetos que o Governo mandou que traziam benefícios sociais, a Assembleia aprovou, não deixamos de fazer o debate crítico ou o debate propositivo, o parlamento aprovou muitas leis que também possibilitaram ao Governo e os próprios prefeitos agirem com mais tranquilidade durante a pandemia. A Aleac também foi um um palco de debate intenso sobre ideias, sobre rumos e vejo que o Poder Legislativo e todos os deputados ali procuraram da sua forma, com suas características, ajudar.
ContilNet: Os trabalhos na Aleac estão em recesso, mas e seu gabinete?
Jenilson Leite- O recesso parlamentar é um período em que a gente acaba utilizando pra fazer muitas coisas como planejar o ano seguinte, visitar as bases, conversar e ouvir as pessoas e o nosso gabinete tem feito isso, né? Estamos organizando nosso planejamento estratégico para o ano que vem, organizando o final dos trabalhos do ano que passou, desdobrando algumas conversas de ordem política. Esperamos que antes que os trabalhos na Assembleia retornem, nós possamos concluir essa etapa desse planejamento que nós estamos fazendo para o ano que vem.
ContilNet: Quais as expectativas para o próximo ano legislativo?
Jenilson Leite: Olha, o ano 2022 está anunciado como ano muito difícil, tanto pelo próprio processo eleitoral que é um momento de grandes mudanças no nosso país e no nosso estado e que a ação política vai ser intensa onde certamente serão levantados muitos debates, mas também pela natureza dos acontecimentos, né? O Governo do Estado está entrando o ano com uma série de dificuldades administrativa e tem todo esse cenário judicial. A questão dos servidores públicos que aguardam por anúncios dos reajustes, deve ser um ano muito complexo, né? Um ano de muitos debates e de grandes desafios. Espero que o poder legislativo saiba conduzir isso de maneira para a população, apesar dos debates, apesar do calor que o ano anuncia ter, que a população possa, no final, ser beneficiada da melhor maneira possível pelos trabalhos legislativo.
ContilNet: Como o senhor disse, 2022 é um ano eleitoral e o deputado é pré-candidato ao Governo do Acre. Por que o senhor quer ser governador do Estado? O que pensa em fazer se sair das urnas vitorioso?
Jenilson Leite– Primeiro dizer que pra mim, que saí da zona rural e que cheguei onde estou, ser governador desse estado seria um motivo de muita, muita alegria, de muita satisfação e eu iria fazer tudo aquilo que está dentro das minhas possibilidades para que o povo do nosso Acre pudesse viver melhor, pudesse viver no estado onde as pessoas tivessem mais dignidade, onde a segurança alimentar pudesse ser maior, porque hoje têm muita gente que se preocupa com a parcela do carro, mas tem milhares de pessoas que se preocupam com o que vão comer amanhã, com o que vai para a panela delas, com o que o filho menor de idade, a criança, vai colocar no estômago. Eu amo esse estado, vejo as dificuldades que nós vivemos nas periferias das nossas cidade e sei que nós precisamos de um governo que pensa o Acre, não só a curto prazo, mas que planeja o Acre a médio e longo prazo. Nós precisamos também, melhorar a nossa saúde pública, não tem nada pior do que sentir dor, do que estar esperando um atendimento e não saber quando esse atendimento vai chegar para poder aliviar a dor daqueles que estão enfermos, e com tudo que hoje eu acumulei nessa área de saúde com a minha formação e os conhecimentos que a mim foram dados e o compromisso que eu tenho com a saúde, eu quero poder ajudar muito o nosso povo a ter um sistema de saúde mais justo e mais resolutivo. Me lembro que quando morava na zona rural, passei muitas dificuldades porque não tinha médico, não tinha dentista e você sofria dias nas beiras de rio com dor de dente, com alguma doença, que as vezes até algumas pessoas morriam nessas beiras de rio e essas coisas me marcaram muito. Por isso que hoje, o tempo que tenho livre, pego minha equipe e vou para essas beiras de rio ajudar aqueles que passam dificuldades. Nós precisamos colocar o nosso sistema de educação também em outro patamar. Precisamos melhorar a educação no setor rural. Verticalizando o conhecimento para que o filho do produtor rural possa ter oportunidades também no campo. Adquirir conhecimentos que possam manter ele lá no campo também. Não pode ser a única alternativa dele vir para a cidade tentar a vida, se ele quiser vir, tudo bem, mas se ele quiser adquirir conhecimentos lá para melhorar a realidade produtiva, nós precisamos também fazer isso. E precisamos colocar o nosso sistema de segurança no século 21, utilizar os nossos sistema de vigilância, de câmeras e de drones para poder dar um maior alcance na segurança da nossa população, precisamos abrir mais espaço na cultura, no esporte para os nossos jovens, para que ele, no seu tempo vago ou de ócio, possa praticar uma atividade física, esportiva e cultural. Enfim, são muitas coisas que eu desejo fazer e que se a mim for dada a oportunidade de governar o Acre, irei fazer.