O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) admitiu, em postagem no Twitter na noite desta quinta-feira (20/1), que o governo de seu pai agiu para tirar o ex-ministro da Educação Abraham Weintraub do país, em 2020, temendo uma prisão. Na época, ainda ministro, Weintraub era alvo de quase duas dezenas de ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e tinha chamado os ministros da Corte de “vagabundos” que deveriam ir para a cadeia.
A saída de Weintraub do Brasil, em junho de 2020, foi confusa. No dia 19 daquele mês, após uma escalada na tensão entre os poderes Executivo e Judiciário que tinha Weintraub como um dos protagonistas, ele anunciou, em vídeo no qual aparecia com um constrangido presidente Jair Bolsonaro, que deixava o ministério.
No dia seguinte, embarcou em um voo comercial rumo aos Estados Unidos e desembarcou usando o passaporte diplomático de ministro de Estado. “As coisas aconteceram muito rapidamente”, escreveu ele, em resposta a um seguidor, após pousar na Flórida.
Horas depois, no Brasil, o Diário Oficial da União (DOU) publicava, em edição extra, a exoneração de Weintraub. Nos EUA, o ex-ministro assumiu cargo no Banco Mundial por indicação do governo brasileiro.
Agora, em briga aberta com o ex-aliado, Eduardo Bolsonaro reagiu esta noite a uma crítica nas redes sociais, que o acusava de endossar “prisões de gente que não cometeu crime”. No início da treta, Eduardo havia ajudado o secretário especial de Cultura, Mario Frias, a atacar os irmãos Weintraub, que estão no Brasil falando em tom de denúncia da aliança entre o governo e os partidos do Centrão, que alijou os bolsonaristas mais radicalizados do espaço político e eleitoral. Frias havia curtido postagem que previa a prisão de Weintraub “em breve”.
O filho do presidente da República então escreveu: “Se endossássemos prisões arbitrárias, Abraham jamais teria ido aos EUA junto com seu irmão”. Veja a postagem:
Beneficiado por essa boa vontade do governo, Weintraub desfrutou de um salário anual de US$ 258,5 mil (cerca de R$ 117 mil por mês na cotação atual) no Banco Mundial e seu irmão conseguiu um cargo na Organização dos Estados Americanos (OEA) e também se mudou para os EUA com a família.
Em fevereiro de 2021, a Associação de Funcionários do Banco Mundial pediu uma investigação sobre as condutas do ex-ministro da Educação do Brasil. Os funcionários se queixavam de que Weintraub compartilhava desinformação sobre a pandemia de Covid-19, além de fazer campanha política para um cargo eletivo no Brasil.
Ao longo da estadia nos EUA, o ex-ministro acabou se distanciando do clã Bolsonaro e agora se lança numa aventura independente tentando viabilizar uma candidatura ao governo de São Paulo que contraria os interesses palacianos, de tentar o nome do ministro Tarcísio Freitas, da Infraestrutura, para o cargo.