23 de abril de 2024

Lula, Bolsonaro e Centrão se unem para CPI contra Moro

Nasce uma curiosa aliança: o PT de Lula está se unindo ao governo Jair Bolsonaro e ao PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira.

O objetivo é criar uma CPI na Câmara dos Deputados, a partir de fevereiro, contra um adversário comum na disputa eleitoral, Sergio Moro, candidato presidencial do Podemos.
Já está tudo combinado, eles indicam.

Ontem, o deputado Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, anunciou a apresentação do requerimento de CPI contra o ex-juiz da Lava Jato por suspeita de “conflito de interesses” contrato privado de Moro com o grupo de advocacia americano Alvarez & Marsal.

Pouco depois, o ministro Ciro Nogueira, chefe da Casa Civil de Bolsonaro, usou uma rede social para aplaudir a iniciativa do deputado petista.

Nogueira é presidente licenciado do Progressistas, que partilha o comando do Centrão com o Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, organização escolhida por Bolsonaro para disputar a reeleição.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), já teria garantido a instalação da comissão, informou o repórter Claudio Dantas, do portal O Antagonista.

Junto com o PT, o PP e o PL foram os partidos com maior número de políticos processados por corrupção nos casos do mensalão e da Petrobras, durante o governo Lula.

Se o roteiro delineado for confirmado na Câmara, em fevereiro, ocorrerá um fato inusitado a oito meses da eleição presidencial: a aliança de Lula, líder nas pesquisas, com Bolsonaro, segundo colocado, para impedir a ascensão de Moro, terceiro na preferência dos eleitores.
Há sete meses, Lula aparece como favorito nas intenções de voto. Em dezembro, chegou a 48% no Datafolha. Isso representa vantagem de 26 pontos percentuais sobre Bolsonaro (22%).

Ambos estão, nas pesquisas, muito distantes de Moro (9%). Lula com 39 pontos à frente e Bolsonaro com 13 pontos.

Nesse quadro, fabricar uma CPI na Câmara contra Moro equivale a sair armado com mísseis na caça a uma abelha no Planalto Central. Sem lógica eleitoral, sobra apenas o desejo de vingança de petistas e bolsonaristas como bússola política. Nesse caso, é alto o risco de um tiro no pé do bolsolulismo.

A investigação sobre o “conflito de interesses” de Moro começou de forma atropelada no Tribunal de Contas da União. Segue polêmica, não só pela confusão na procuradoria mas, principalmente, porque o TCU não tem como atuar sobre contratos privados que não envolvam dinheiro público.

Tudo começou em junho de 2019, quando a empreiteira Odebrecht pediu recuperação judicial. Acumulava dívidas de R$ 65 bilhões.

Moro, que havia condenado diretores e supervisionado acordos de leniência na empresa, nessa época completava oito meses de aposentadoria no Judiciário e seis meses no Ministério da Justiça de Bolsonaro.

O processo falimentar da Odebrecht foi para a 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo. O juiz João de Oliveira Rodrigues Filho seguiu o ritual, sob supervisão do desembargador Alexandre Lazzarini, e escolheu uma empresa credenciada no tribunal paulista para para gerenciar pagamentos aos credores.

Rodrigues Filho elegeu a Alvarez Marsal Administração Judicial Ltda. Ela já atuava na recuperação judicial de outras empresas que foram à bancarrota durante a Lava Jato, como a empreiteira OAS.

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