Maior hit de Linn da Quebrada veio de álbum lançado em promessa para Prior sair do ‘BBB20’
Por G1
Se os cantores do “BBB22” fizessem um festival de música, seria a plateia com o público mais diverso do Brasil. A começar pelas duas cantoras mais ouvidas, com estilo quase oposto, do sertanejo padrão à eletrônica alternativa.
O “BBB” é um pouco “The Voice” desde 2020, quando cantores invadiram a casa via camarote. Em 2022 há cinco cantores: Naiara Azevedo, Linn da Quebrada, Maria, Tiago Abravanel e Arthur Aguiar – exceto Naiara, todos também são atores.
O podcast g1 ouviu analisa a carreira musical de cada um. Ouça abaixo e leia mais a seguir.
No início de 2020, Lina Pereira dos Santos estava altamente envolvida com o “BBB”, assim como o resto do Brasil. Ela se engajou tanto no paredão de Manu Gavassi contra Felipe Prior que prometeu lançar um álbum caso o brother fosse eliminado.
Prior perdeu, ela cumpriu a promessa e nasceu o “Pajubá Remix II”. Deste álbum saiu o o remix de “Tomara”, com o cantor Davi Sabbag, que acabou virando a música mais tocada da carreira dela. Ou seja, o maior hit veio na força da raiva do Prior, e graças ao BBB.
Todo esse envolvimento com o reality veio antes mesmo de ela ser participante. Lina, ou Linn da Quebrada, tem 31 anos e começou a se destacar na música em 2016, com as faixas “Talento” e “Enviadescer”, seguida por “Bixa preta”, em 2017.
Linn é travesti e uma grande ativista da comunidade LGBTQIA+. Ela nasceu em São Paulo, mas foi criada no interior do estado, entre as cidades de Votuporanga e São José do Rio Preto.
A artista vem de uma família religiosa e já foi Testemunha de Jeová até começar a trilhar um caminho no funk.
Ela falou sobre seu começo na música ao g1 em 2019, durante um ensaio para o show do Rock in Rio, com Karol Conká e Gloria Groove.:
“A música foi uma surpresa. Eu utilizo a minha música como ferramenta de diálogo. Foi assim que a música surgiu pra mim da necessidade. Surge como uma necessidade e uma possibilidade de conseguir falar com as pessoas as coisas que eu estava pensando, que eu tenho pensado.”
Linn da Quebrada, Naiara Azevedo, Tiago Abravanel, Arthur Aguiar e Maria — Foto: Celso Tavares/g1, TV Globo/Raquel Cunha Maria/Divulgação
“Uso minha música como arma apontada não para o outro, mas para minha própria cabeça, matando em mim aquilo que me mantém estagnada. É importante que cada um de nós aponte as armas para as próprias cabeças e matem em si o macho branco colonizador que nos mantém aprisionada, sendo alguém que não contribui para o nosso sistema.”
O álbum de estreia foi “Pajubá”, feito com financiamento coletivo e lançado em 2017. Um traço recorrente na carreira da Linn é ser direta nas letras e no discurso. Ela também falou ao g1 sobre isso:
“E por que não ser direta? Acho que eu não dou espaço para que tenha outras leituras da minha música. Eu digo aquilo exatamente o que eu quero dizer, eu produzo exatamente o que eu quero produzir. Produzo novos pensamentos, novos comportamentos, utopias que nos movimentem e que não nos mantenham estagnadas no mesmo lugar.”
“Minhas músicas servem como feitiço que se viram contra a própria feiticeira. Eu sou a médica e a monstra, a criatura e a criadora de mim mesma e fruto das minhas canções. Eu uso a minha música para me manter em constante transformação para pensar diferentemente de como eu já pensava.”
Em 2019 ela estreou na TV como atriz na série “Segunda Chamada”, da Globo, como a aluna trans Natasha. No mesmo ano saiu o documentário “Bixa Travesty”. O filme mostra a luta recorrente pela desconstrução de estereótipos de gênero, classe e raça, e foi premiado no festival de Berlim.
Em 2021 ela lançou o álbum “Trava Línguas”. É música eletrônica de vanguarda, para brilhar em qualquer festival do mundo. Linn está expressiva como sempre, e tem a produção de Badsista, DJ em ascensão que faz colagens de techno, mandelão, tambor de umbanda e mais.