Um quatrilhão, quatrocentos trilhões e 29 bilhões de dólares reais. Esta quantia, que mais parece um palavrão e que apresenta dificuldades até para ser grafada, representa o valor necessário para zerar as emissões de carbono no planeta até o ano de 2050. As contas foram feitas pela ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, segundo ela fez divulgar em suas redes sociais.
“Às vezes é assustador lidar com números gigantescos, principalmente quando se trata de dinheiro. Mas é preciso falar. São cálculos feitos pela consultoria especializada McKinsey e publicados nos jornais Guardian, Bloomberg e Reuters”, citou a ex-ministra acreana. “Para ter uma base comparativa, procurei o valor da riqueza produzida no Brasil em um ano. Encontrei o valor consolidado para o ano de 2020: R$ 7,5 trilhões”, ela acrescentou.
Marina Silva afirmou ainda que, “diante desses números, digo mais uma vez uma frase que venho repetindo há muitos anos: o custo do cuidado é sempre menor que o custo do reparo”.
O valor citado pela ex-ministra corresponde ao que uma consultora estima em relação aos gastos com a pretendida neutralidade climática, algo em torno de 10% do PIB global anual. A consultoria, citada pela ex-ministra, estima que o preço que o mundo terá que pagar para atingir o net-zero é cerca de US$ 9,2 trilhões por ano até 2050. Isso representa um pouco mais de 10% do PIB global de 2020 e US$ 3,5 trilhões a mais do que se estima ser gasto hoje para conter o aquecimento global.
De acordo com a consultoria, boa Boa parte desses recursos poderão ser empregados com investimentos com retorno espalhado ao longo do tempo. O cenário projetado assumiu que, até 2050, o carvão desaparece da matriz energética, o consumo de petróleo e derivados cai 55% e o de gás natural, 70%. O preço da eletricidade será de 20% a 25% mais caro para pagar os investimentos necessários para uma matriz sem emissões.
Cerca de 200 milhões de novos postos de trabalho aparecem na nova economia, enquanto 183 milhões da velha deixam de existir. Em termos absolutos, os países desenvolvidos responderão por metade da conta, mas, como suas economias crescerão mais rapidamente, o impacto sobre o PIB de cada um será menor do que nos países pobres. A McKinsey, a consultoria na qual se espelha Marina Silva, prevê, portanto, que a neutralidade climática seria atingida à custa de um aumento na desigualdade global.