Olavo viveu e morreu ao seu gosto, provocando polêmicas. Suas últimas palavras sobre Bolsonaro foram ditas em uma live no dia 20 de dezembro último, da qual participaram em silêncio os ex-ministros Ricardo Salles (Meio Ambiente), Abraham Weintraub (Educação) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).
Na ocasião, a propósito das eleições de outubro próximo, Olavo vaticinou que a “briga está perdida”. “O Brasil vai se dar muito mal, não venham com esperanças tolas. Existe uma chance [de ele voltar], mas remota. Só se Bolsonaro acordar, e eu não sei como fazê-lo acordar.” Os três ex-ministros afastaram-se do presidente.
O escritor chegou a dizer que o presidente é um “excelente administrador”, mas o comparou a um prefeito de “cidade do interior”, acusando-o de covardia. Descartou a ideia de que Bolsonaro representa a direita brasileira: “No Brasil, ou você é comunista ou é neutro. Não existe direita. Existe bolsonarismo”.
A relação entre os dois foi se tornando mais hostil com a passagem do tempo. Era boa no começo do governo em 2019, quando Olavo emplacou Araújo como ministro das Relações Exteriores e o professor colombiano Ricardo Vélez Rodríguez como ministro da Educação. Um ano depois, já era sujeita a chuvas e trovoadas.
Em maio de 2020, por exemplo, em entrevista à BBC Brasil, Olavo disse que era possível chamar Bolsonaro de “burro”. Disse, porém, que ele não seria ladrão. Em junho, acrescentou o adjetivo “fraco”. Escreveu em sua conta no Twitter: “Se esse pessoal não consegue derrubar o governo, eu derrubo”.
A família de Olavo não revelou as causas de sua morte. No último dia 16, ele anunciou que contraíra a Covid-19. Durante a pandemia, não se cansou de repetir que o vírus nunca havia matado ninguém. Na madrugada de hoje, Bolsonaro lamentou sua morte. A morte da cantora Elza Soares, há poucos dias, não lamentou.