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Em bicicleta, acreana vende ‘bolinhos de chuva’ para sustentar família e faz sucesso na web

Por RENATO MENEZES, PARA CONTILNET

Tainá faz entregas de bicicleta em bairros da redondeza, juntamente com a filha de 10 anos. Foto: Arquivo pessoal.

Apesar de não ser um prato genuinamente nacional como é o caso da feijoada, por exemplo, o bolinho de chuva se popularizou no país de modo que fica fácil se confundir sobre a verdadeira origem dessa iguaria que marca presença nas mesas dos brasileiros. No Acre, o ‘bodó’, como é popularmente conhecido, já faz parte do cardápio local ao ponto de pessoas como a cozinheira Tainá Abílio de Menezes – ou Tainá Silva, como é conhecida nas redes sociais – começar a fazer para vender e, com isto, tirar a renda para sustentar a família.

A microempreendedora, que tem 34 anos, falou ao ContilNet que começou com o negócio há pouco tempo, mais precisamente há duas semanas, quando se viu em uma situação de aperto financeiro. Como ela e o marido fazem parte das mais de 12 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, a realidade de não ter o que comer a assustou, principalmente pelo fato de ter três filhos para sustentar.

“Meu filho de três anos comia farinha com açúcar. Ele pedia comida e eu e meu esposo sem emprego não tínhamos o que fazer. Aí foi quando uma amiga sabia que eu fazia bolinho e falou para eu fazer para vender, mas eu fiquei com medo, tipo assim: ‘poxa, mas todo mundo sabe fazer bolinho de chuva’. Mas então eu fiz e está dando certo”, falou.

O desemprego fez com que a mãe de três filhos tivesse que ‘se virar nos trinta’ para colocar comida na mesa. Foto: Arquivo pessoal.

BOLINHOS RECHEADOS

No entanto, se engana quem acha que todo mundo sabe fazer bolinho de chuva – pelo menos não das formas as que Tainá faz. Além dos tradicionais de trigo, ela resolveu arriscar e inovar recheando-os com goiabada, doce de leite e banana, estratégia esta que vem hipnotizando os clientes e dando certo.

“As pessoas amam. Tenho uma cliente que ela só compra de banana, mas o que mais saem são os de goiabada e de doce de leite… aliás, todos”, disse, complementando: “foi minha mãe que me deu ideia de fazer bolinhos recheados”.

Tainá postou o empreendimento nas redes sociais e logo obteve retorno positivo de encomendas e de elogios de internautas. Foto: Arquivo pessoal.

LOCOMOÇÃO E AGILIDADE

Os bolinhos começaram a fazer sucesso depois que ela começou a divulgar, de forma genuína, em um grupo gastronômico local. Em pouco tempo, “choveu” de gente comentando e querendo experimentar a iguaria da recém-empreendedora. A vontade de comer, aliada à preguiça que muitos têm de dar conta dos ingredientes, preparar a massa, ir para o fogão e fritar, acabam funcionando como combustíveis para que Tainá consiga êxito nas vendas.

Em uma das postagens, que ultrapassa mais de mil curtidas, ela mostra o dia a dia da feitura dos bolinhos e das entregas que faz em cima de uma bicicleta. Como este meio de transporte não a permite fazer entregas muito distantes do Distrito Industrial, local onde mora, Tainá falou que costuma deixar encomendas em bairros mais próximos tanto para evitar desgaste físico, como para não prejudicar a encomenda alheia.

Em média, Tainá faz pelo menos cinco ‘marmitas’ de bodós por dia. Foto: Arquivo pessoal.

“Eu trabalho sozinha e faço entrega com minha filha de 10 anos pois ela é especial, tem deficiência intelectual e chora muito, não gosta de ficar só quando eu saio, aí levo ela. As pessoas procuram muito (os bolinhos), porém não tenho como entregar para todos os bairros pois vou de bicicleta. Perco muitas vendas por causa disso, mas eu só tenho gratidão pela ajuda de todo mundo que me incentivam e me dão palavras de apoio, falam para eu não desistir”, relatou.

No entanto, mesmo com locomoção limitada, os clientes não deixaram de elogiar a pontualidade da entrega. Em uma postagem, um internauta parabenizou o sabor dos bolinhos, o zelo para com a entrega e a rapidez. “O mais interessante é vocês fazerem a entrega de bicicleta e serem tão pontuais”, falou.

Outra cliente ficou encantada com a delicadeza da encomenda, que geralmente vem acompanhada de uma mensagem escrita à mão pela própria Tainá. Na cartinha, ela escreve: “saiba que todos os dias, passamos por lutas e dificuldades, mas saiba que Deus nunca nos deixa só”.

Internautas se encantaram com a simplicidade e carinho com que Tainá faz e entrega os bolinhos de chuva. Foto: Reprodução/Facebook.

ENCOMENDAS

Como ela ainda está começando o empreendimento, é inevitável que em alguns dias, ela não tenha ingredientes para dar prosseguimento na feitura das iguarias. Contudo, ela afirma que consegue fazer, pelo menos, cinco ‘marmitas’ por dia. Cada encomenda vai com 12 bolinhos, saindo a R$7.  Os recheados, por sua vez, o cliente paga R$10 para levar 14 unidades, e os tão conhecidos ‘bodós’ saem 12 por R$7.

Os pedidos podem ser feitos tanto no Instagram da Tainá, como pelo contato (68) 99257-5267. Os bairros que ela consegue entregar de bicicleta são Rui Lino, Conquista, Estação Experimental, Universitário, Nova Estação, Manoel Julião, Tucumã, Mocinha Magalhães e Vila Ivonete.

O pequeno negócio já conquistou dezenas de pessoas que elogiaram a determinação da cozinheira. Foto: Arquivo pessoal.

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