Em Brasília, onde convalesce de uma cirurgia no joelho, o senador Marcio Bittar (PSL-AC), defensor da estrada ligando o Vale do Juruá, no Acre, à região de Pucallpa, no Peru, reagiu à emissão do relatório do MPF (Ministério Público Federal) no Acre contra o edital que propõe os primeiros estudos para a realização a obra. “Essa atitude do MPF do Acre, mesmo com todo respeito que eu tenha a qualquer ser humano, acho que é irracional. É uma precipitação imensa, na melhor das hipóteses”, disse.
De acordo com o senador, ao se apresentar contra o edital, o MPF é contra todo um processo. “Primeiro, que o edital que saiu agora, é para a construção do projeto executivo. Lá atrás, nós arrumamos dinheiro para o pré-projeto. Agora, é para o projeto executivo em si. Além disso, corre outro processo dentro do DNIT para licitar uma série de ações de prevenção e para licenciamento ambiental, que não é só dessa obra e sim de várias outras na nossa região”, afirmou.
Para Marcio Bittar, o que é comentado para justificar o embargo da que é a necessidade de se elevar em conta as pessoas que moram lá, populações tradicional, índios arredios, precisa ser rediscutido. “O que se sabe é que lá vivem apenas 140 pessoas. Quando se fala em comunidades, temos dados oficiais mostrando que lá vivem apenas 140 pessoas, dizem dados da Funai. Mas tudo isso terá sua fase de análise. Então por que se embargar uma obra que nem começou ainda, mandar fiscalizar uma obra que bem existe ainda?”, indagou o senador.
O senador disse que, assim que puder se locomover após a cirurgia, virá ao Acre para ir à sede do MPF local apelar pelo bom senso em relação à estrada. “Vou ao MPF fazer um apelo a nessas pessoas, que merecem o meu respeito, que são concursados, homens e mulheres do Estado brasileiro, que não deixem de pensar que não há outra saída para já quase 1 milhão de acreanos e milhares de brasileiros, que não seja, em algum grau, ter os mesmos recursos que outras regiões tiveram”, disse “Se nós não tivermos algumas obras de infraestrutura que possibilitem a capacidade de produção, de escoar e acessar mercados consumidores, não vamos ter como gerar riqueza, gerar renda e promover empregos a milhares de jovens, homens e mulheres acreanos, que estão desempregados”, acrescentou.
Bittar disse que o que está por trás de todo este debate não é só a estrada. “Não se trata apenas da estrada. Na verdade, o que eu quero é um acordo entre os dois países (Brasil e Peru) que possibilite o intercâmbio comercial, com regras estabelecidas e cuidados ambientais para que haja a estrada”, afirmou”. “Aliás, quando o Parque foi criado já estava na criação a previsão de passar a estrada dentro dele, algo que não chega a 20 quilômetros, onde não há nenhuma comunidade à margem dela. Ninguém pretende sequer mudar a categoria do Parque. Ele vai continuar sendo intocável . Repito: civilização é sinônimo do homem, transformando os recursos naturais, que seja riqueza em potencial, em em riqueza real. Se não vamos nos eternizar pobres. Éu não posso acreditar que é isso que as pessoas queiram. Apelo ao bom senso. Com certeza, o DNIT nacional vai recorrer e é uma longa jornada infelizmente. Só no Brasil é que a possibilidade de construção de uma estrada e acesso que possibilite prosperidade, causa tanta polêmica, com tanta gente contra”, disse.
O senador atribuiu as propostas de embargo da obra às direções de ONGs (Organizações Não-Governamentais), financiadas por capital estrangeiro. “São ONGs sustentadas por dinheiro da Alemanha e Noruega e outros países que utilizam seus recursos naturais, que não querem nem saber a opinião dos demais países quando estes também necessitem usar recursos naturais próprios”, disse.
Marcio Bittar disse ainda que quer ajuda política para enfrentar esta batalha. “Quem tiver mandato eletivo no Acre e não ajudar nesta causa, para que o Acre possa se libertar da pobreza, não estará fazendo nada”, afirmou.