Narciso: ‘A nossa democracia padece da inexistência de partidos que contribuam para melhorá-la’

Praticamente cheio

O cemitério em que se encontram enterrados os nossos partidos políticos já conta com centenas de cadáveres.  

No Brasil, os partidos políticos nascem e morrem com regular frequência. Por vezes de morte morrida e não raramente de morte matada. Disto resultou a anarquia partidária que ora vivenciamos e trazendo sérios prejuízos ao aprimoramento da nossa democracia. 

Nos países razoavelmente democráticos são através dos partidos políticos, seus programas e ideologias, que as suas sociedades iniciam o ao seu aprendizado político e veem-se minimamente preparadas para exercer o que denominamos de soberania popular.   

Nos EUA, no Reino Unido e na Alemanha, por exemplo, somente os integrantes dos partidos políticos com longevas histórias, consegue ascender ao poder, e em particular, a chefia do seu respectivo Estado, isto porque, o candidato precisa já haver demonstrado fidelidade ao partido através do qual pretenda se candidatar. Neles, não existem os partidos de aluguel, menos ainda, financiados pelo poder público. 

A nossa democracia padece, desde a Proclamação da nossa República, da inexistência de partidos políticos que estejam à altura de contribuir para melhorá-la. Não é demais lembrar que o nosso Congresso Nacional é composto por integrantes de 27 partidos distintos, esta sim, a causa determinante da nossa complexa governabilidade, posto que, os nossos governantes, e em todos os níveis, independente do partido a que pertençam, vêem-se sempre obrigados a fazer os mais espúrios conchavos, com no mínimo 15 partidos. Do contrário não compõe a maioria parlamentar que tanto necessita.

A nossa legislação eleitoral muda a cada nova eleição. Nas eleições de 2020, surpreendentemente, num avanço espetacular foram proibidas as coligações partidárias nas eleições parlamentares, mas nas eleições deste ano já houve um retrocesso, não me reporto à volta das esdrúxulas coligações, mas a instituição das federações partidárias, uma manobra que deu sobrevida a alguns partidos que estavam a beira da morte. 

As nossas crises são muitas e de diversas naturezas, mas nenhuma delas será solucionada sem antes resolvermos a crise decorrente do nosso sistema político-partidário. 

Nossa instabilidade político-partidária precisa ter fim, e não será pela quantidade e sim pela qualidade dos nossos partidos. Não é demais lembrarmos que já chegamos a eleger dois presidentes: Fernando Collor de Melo, e o atual, Jair Bolsonaro, filiados a dois partidos que apenas emprestaram suas legendas para possibilitar as suas candidaturas. Nada mais representativo para demonstrar o desapreço e até mesmo deboche que conferimos aos nossos partidos políticos. 

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