Os melhores chegaram à final em Pipeline, a 1ª sem brasileiros desde 2017
Por GE
A etapa de abertura do CT 2022 entrou para a história como o melhor Pipe de todos os tempos. Condições épicas, show de surfe e a inacreditável vitória de Kelly Slater. Desde o começo da competição, com a ausência de Gabriel Medina, todos os olhos estavam sobre John John Florence, vencedor das três últimas competições disputadas em Pipeline, e Kelly Slater. Era a final dois sonhos e o locutor da WSL deixava isso muito claro durante todo o evento.
Na água, a dupla também fazia por merecer a expectativa, embora o havaiano Seth Moniz já mostrasse desde as primeiras baterias que poderia surpreender. Integrante de uma família tradicional de surfe de Oahu, ilha onde fica Pipeline, Moniz estava entre os que poderiam estragar a festa.
Num lado da chave, deu tudo certo e Slater foi empilhando vitória atrás de vitórias até chegar à final. É impressionante a intimidade do supercampeão com esta onda extremamente difícil e desafiadora, principalmente surfando para a direita, o chamado Backdoor. Slater construiu sua vitória praticamente só com ondas para a direita. Apesar da torcida por JJ Florence, a presença de Moniz na final fez justiça ao segundo melhor surfista da competição.
Pela primeira vez desde 2017 (JJ Florence x Jeremy Flores), o Brasil não esteve presente na final, mas fomos bem representados no Final Day, com as presenças surpreendentes de Miguel Pupo e Caio Ibelli nas semifinais, terminando em terceiro lugar, e Samuel Pupo em quinto, ao parar nas quartas-de-final. Miguel foi superado por Slater numa bateria em que cometeu uma interferência logo na primeira onda, enquanto Ibelli não resistiu à fúria de Moniz. Foi o melhor resultado da carreira de Miguel e Ibelli.
“Eu achei que iriam dar interferência dupla e ficaria tudo igual, mas não foi isso que aconteceu. Fiquei feliz que não amarelei, fui para cima, borda a borda. Queria começar o ano bem e consegui cumprir meu objetivo”, disse Miguel.
A colocação é excelente, mas ainda mais importante foi a coragem com que Miguel e Ibelli, principalmente, demostraram em ondas realmente pesadas. Caio se jogou nas maiores, verdadeiras bombas, mas não conseguiu completar as ondas. Uma semana atrás ele estava em casa e só entrou no evento ao receber o convite para substituir Gabriel Medina por causa de sua colocação no ranking de 2021.
“Melhor resultado que posso ter é sair vivo de Pipeline, uma onda superperigosa. Estive em algumas situações que realmente poderia me machucar. Estava procurando as maiores, ficar bem dentro do tubo”, disse Ibelli.
Além dos três que chegaram ao Final Day, vale destacar o desempenho de João Chumbinho Chianca, estreante no Tour como Samuel. Em seu primeiro Pipe, o surfista de 21 anos impressionou a todos com atitude, coragem e muita técnica para surfar ondas pesadas em tubulares. Sua onda 9,87 na bateria em que foi superado por JJ Florence nas oitavas, foi a maior de todo evento.
Dos outros brasileiros que competiram, eu acreditava que o Ítalo Ferreira iria avançar mais. O campeão olímpico tem bom histórico em Pipeline, onde ganhou e conquistou o título mundial ao
derrotar Gabriel Medina na final, chegou a pegar boas ondas, mas não empolgou e se despediu ao perder para Miguel Pupo.
Filipe Toledo não fica confortável em ondas como as que Pipeline apresentou, principalmente para a esquerda, e foi até onde espera-se dele nestas condições. Os dois, que estão entre os favoritos para chegarem à WSL Finals, começaram a temporada com um nono lugar e seria bom já conseguirem um bom resultado na próxima etapa, em Sunset.
Deivid Silva, em 17º e Jadson André, único eliminado na repescagem, também precisarão ir bem em Sunset para reequilibrar este começo de temporada.