O morador de Botucatu (SP) que faz sucesso nas redes sociais ao usar inteligência virtual e softwares de edição de imagens para dar rostos humanos a personagens e animações fez uma uma homenagem ao grupo Mamonas Assassinas utilizando os mesmos recursos. Nesta quarta-feira (2), a morte do músicos em um acidente aéreo completou 26 anos.
O artista Hidreley Leli Dião recriou os rostos de Dinho, Julio Rasec, Sergio Reoli, Samuel Reoli e Bento Hinoto como estariam se estivessem vivos, todos na faixa dos 50 anos (veja as fotos abaixo). As imagens estão em uma postagem que Hidreley fez em seu perfil no Instagram.
Na publicação, o artista escreveu “E se os integrantes da banda Mamonas Assassinas não tivessem nós deixado tão cedo?” e usou as habilidades que o fizeram ganhar destaque internacional para proporcionar aos fãs e saudosistas da banda uma ideia de como os cinco integrantes da banda estariam fisicamente se estivessem vivos.
Ao g1, Hidreley disse que era um grande fã do grupo. “Fiz a postagem com muito carinho porque eu era muito fã deles, muito mesmo e fiquei triste com tudo o que aconteceu.”
Acidente aéreo
O avião em que estava a banda Mamonas Assassinas, que foi sucesso na década de 1990, caiu Serra da Cantareira na noite de 2 de março de 1996. O tempo estava fechado na Grande São Paulo naquele sábado.
Segundo as autoridades, o jato executivo Learjet sobrevoou as árvores, atravessou a cortina de névoa fria e colidiu na mata. Além dos cinco integrantes da banda, outras quatro pessoas – dois tripulantes, um segurança, um assistente de palco – estavam na aeronave. Os nove ocupantes morreram no local.
Alecsander Alves (Dinho), de 24 anos, vocalista e líder da banda; Alberto Hinoto (Bento), de 26, guitarrista; Júlio Cesar Barbosa (Júlio Rasec), de 28, tecladista; e os irmãos Samuel e Sérgio Reis de Oliveira (Samuel e Sérgio Reoli), de 22 e 26, respectivamente baixista e baterista, voltavam de um show em Brasília, o último de uma exaustiva turnê pelo país.
O avião estava sob o comando do piloto Jorge Martins e do copiloto Alberto Takeda. Os dois funcionários da banda eram o segurança Sérgio Saturnino Porto e o roadie (e primo de Dinho) Isaac Souto.
Artista de Botucatu recriou o rosto do vocalista Dinho, que se estivesse vivo teria 51 anos — Foto: Hidreley Leli Dião/ Instagram/Reprodução
Júlio Resec, tecladista da banda, teria 53 anos — Foto: Hidreley Leli Dião/ Instagram/Reprodução
O baterista do Mamonas Assassinas, Sérgio Reoli, teria 52 anos — Foto: Hidreley Leli Dião/ Instagram/Reprodução
Samuel Raoli era o baixista da banda e o mais novo do grupo, se estivesse vivo teria 49 anos — Foto: Hidreley Leli Dião/ Instagram/Reprodução
Guitarrista do Mamonas, Bento Hionato teria 52 anos — Foto: Hidreley Leli Dião/ Instagram/Reprodução
Vida aos desenhos
O g1 conversou com Hidreley no mês passado sobre seu trabalho. Utilizando softwares e inteligência artificial, o jornalista e empresário “dá vida” a personagens famosos de desenhos animados.
O morador de Botucatu também é colaborador de uma revista digital há quase 5 anos. Por isso, a rotina é voltada para descobrir novas narrativas e relatá-las aos leitores.
Entre essas histórias, está a de artistas que descobriram na inteligência artificial uma forma de trazer um “novo olhar” para pinturas antigas e estátuas, com traços realistas. Com o trabalho desses criadores, Hidreley diz que desenvolveu sua técnica de criação.
“Comecei a estudar a inteligência artificial, fiz pesquisas e tive a ideia de fazer algo diferente: fazer as estátuas e pinturas antigas, mas como se eles vivessem nos dias de hoje, como se você pudesse se encontrar com eles no supermercado. Esse é o meu projeto. Olhar para essas caricaturas e imaginá-las em ‘carne e osso’”, explica.
Hidreley diz que conseguiu absorver e entender o processo de criação em seis meses e revela que usa em seu “esquema próprio” de criação quatro aplicativos, entre eles o Photoshop e aplicativos no celular.
O artista não se contentou com apenas trazer vida a estátuas e direcionou o projeto aos tão famosos personagens da Disney.
“Fiz dois personagens, o Moe de ‘Os Simpsons’ e o Aladin, e postei no meu Instagram. Até então, eu tinha 8 mil seguidores, mas o pessoal gostou muito, foi comentando sugestões e eu acolhia e criava o que me pediam. Quando me dei conta, tinha umas 20 novas imagens e novos seguidores. Em duas semanas, muita plataforma grande me procurou para entrevistas e eu estava com mais de 50 mil seguidores”, comemora.
O que o artista mais lê nos comentários de postagens são afirmações como “isso é gente de verdade” ou “isso é fotografia”. Mas ele insiste em dizer que as produções são frutos da inteligência artificial, estudo e dedicação.
Sobre o processo de criação, Hidreley comenta que tem “olhar artístico” para cada arte que se propõe a transformar. Para começar, ele procura rostos em banco de imagens que tenham traços semelhantes aos personagens que quer recriar.
Em seguida, após a escolha da imagem base, o personagem que ganhará vida é sobreposto no Photoshop. A partir disso, o artista monta o rosto real em, no máximo, 50 minutos.
“Estica daqui, estica dali, procuro fontes de cabelo, e por aí vai. Muitas vezes achar uma foto no banco de imagens demora muito mais do que o próprio processo digital. Levo em torno de uma hora para encontrar um rosto e uns 50 minutos no máximo para recriar. No total, são umas duas horas para concluir”, finaliza.
Como exemplo, Hidreley mostra o processo para criar o rosto real do Bruno, personagem do filme Encanto da Disney e que foi um dos projetos mais pedidos pelos seguidores. O rosto base, do banco de imagens de domínio público iStock, é um homem com tom de pele claro e olhos claros.
Para o artista, basta “sentir que irá funcionar” e que o personagem irá se adequar ali como ponto de partida para iniciar a criação.