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Amazônia está perdendo capacidade de regeneração há 19 anos, diz estudo

Por REVISTA GALILEU

Floresta Amazônica pegando fogo próximo a uma área recém-desmatada, em Alta Floresta, Mato Grosso (Foto: Christian Braga / Greenpeace)

Devido às queimadas e à extração de madeira, mais de três quartos da Amazônia estão perdendo sua capacidade de regeneração desde o ano de 2003. A conclusão é de um estudo baseado em dados de satélite publicado no jornal científico Nature Climate Change nesta segunda-feira (7).

Embora a pesquisa não aponte as mudanças climáticas geradas pelos humanos como causa direta nesse processo de dificultar a regeneração do bioma, os resultados alertam para a necessidade de diminuir uso da terra na região amazônica e limitar as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo.

O estudo foi realizado pelos pesquisadores Chris Boulton e Tim Lenton da Universidade de Exeter, no Reino Unido, e Niklas Boers, da Universidade Técnica de Munique, na Alemanha. A iniciativa faz parte do projeto TiPES, da Universidade de Copenhaguen, na Dinamarca, que analisa sistemas da Terra. “A resiliência reduzida – a capacidade de se recuperar de perturbações como secas ou incêndios – pode significar um risco aumentado de morte da floresta amazônica”, alerta Boers, em comunicado do Instituto de Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK). “O fato de vermos essa perda de resiliência nas observações é preocupante.”

Os autores da pesquisa analisaram 30 anos de dados de satélite e identificaram perda de regeneração principalmente em áreas mais secas, bem como em regiões com cerca de 200 km de uso da terra, a exemplo de fazendas e assentamentos. Com isso, eles notaram que a floresta se aproximou de um ponto de inflexão, podendo se tornar um habitat muito mais seco.

Isso signitica que a Amazônia está se aproximando de uma transição abrupta: de uma floresta úmida para um cenário mais semelhante a uma savana. Se o bioma se transformar nesse sentido, haverá riscos para a biodiversidade, alteração no armazenamento de carbono e mudanças climáticas em escala global.

Porém, os pesquisadores acreditam que ainda há tempo de agir para evitar esse desastre. “Nosso estudo mostra que a Amazônia está se aproximando de um ponto de inflexão, mas também que provavelmente ainda não o atravessou”, diz Boers, em nota da Universidade de Copenhagen.

Quando as mudanças forem completamente observáveis, será tarde para interrompê-las. Modelos climáticos indicam que, nesse cenário, haveria uma queda significativa no volume dde chuvas em diversas partes do mundo.

Os pesquisadores estudaram a precipitação e três eventos de seca que ocorreram, em média, uma vez por século na região. Eles dizem que a estiagem agravará a perda da capacidade de se regenerar da floresta. “Isso confirma que limitar fortemente a extração de madeira, mas também limitar as emissões globais de gases de efeito estufa, é necessário para proteger a Amazônia”, ressalta Lenton.

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