Um berrante foi protagonista de uma história marcada pela estreia da novela ‘Pantanal’, na segunda-feira (28). Após ser furtado de uma praça em Aquidauana, onde o primeiro capítulo da novela era exibido, o instrumento foi recuperado e tocado por um investigador policial, na delegacia. (Veja o vídeo acima).
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O som grave do instrumento feito de chifres de boi, é tradição entre os pantaneiros. Para o cozinheiro da comitiva Lagoa dos Bobos, Rinaldo Corrêa de Moura, dono do berrante furtado, não é diferente.
Por essa razão, foi tão difícil para ele ter o instrumento centenário furtado. Sapo, como é popularmente conhecido, estava presente, cozinhando os pratos típicos do Pantanal, na Praça do Estudante, onde a novela foi exibida em um telão.
Quando o capítulo acabou, do berrante estava somente as lembranças. “No final do evento o berrante tomou sumiço”, conta Sapo.
A partir deste momento, uma força-tarefa foi criada para encontrar o berrante tão significativo para o cozinheiro. O radialista, Ronaldo Regis, foi uma das pessoas que integrou o mutirão do bem. “Uma ouvinte me mandou um áudio contando do sumiço do berrante. Pouco depois, ouvintes me informaram que haviam andarilhos, na região da rodoviária de Anastácio, tocando berrante”, escreveu em uma rede social.
Entrou em cena também o investigador da Polícia Civil (PC), Denilson Cardoso Albres, que atua no Setor de Investigações Gerais, e estava participando junto com a equipe a qual faz parte de uma grande operação contra o tráfico de drogas na região.
“Entregamos um flagrante de tráfico na delegacia e nesse intervalo atendemos a vítima do berrante. Confesso que fiquei comovido por se tratar de um objeto que pode significar uma vida, ter um valor sentimental muito grande. Claro que faz parte de nossa profissão e nossa missão, mas não medimos esforços para achá-lo”, comenta o investigador.
E assim foi, com menos de 2h de buscas, o berrante do Sapo foi encontrado pelos policiais. “Você perder uma coisa assim e achar de novo é muito legal. É uma joia muito especial para mim, muito especial mesmo. Para mim tem muito valor mesmo, demais”, reforça o pantaneiro.
“Foi muito rápido, fizemos buscas nas praças das duas cidades [Aquidauana e Anastácio] e quando chegamos na praça de Anastácio, no entorno da rodoviária, visualizamos o berrante”, detalha Denilson.
Policial tocador
Ao chegar na delegacia com o instrumento, o investigador decidiu aproveitar a oportunidade para sentir, mesmo que por poucos segundos, o que é ser um peão pantaneiro. “Vi uma chance de eternizar entre colegas de profissão um momento ímpar. Não é muito comum esse tipo de furto, de berrante, e achei bacana fazer esse gesto, mesmo porque a novela Pantanal está em evidência e inspirando muitos a conhecerem nossa região”, diz.
Apesar do bom desempenho com o instrumento, Denilson conta que nunca havia tocado um berrante anteriormente.
Quando Sapo foi buscar o berrante de família, Denilson já tinha partido para dar continuidade da operação com a equipe policial. “Infelizmente não tive o prazer de entregar nas mãos do dono”, lamenta o investigador.
Contudo, o sentimento de gratidão chegou até ele, por meio de mensagens. “Segundo o plantonista, ele [Sapo] ficou muito feliz e grato, porque agimos rápido”, diz.
Para Sapo, a emoção de ter novamente o berrante centenário que um dia pertenceu ao avô, foi indescritível. “Eu recebi com muita satisfação, peguei na mão do policial, agradeci o policial pelo trabalho exemplar deles e agradeci também ao pessoal que se mobilizou e também ajudou a encontrar o berrante”, conta.