Cresceu a percepção de que a corrupção no Brasil vai aumentar daqui para frente, segundo pesquisa do Instituto Datafolha publicada nesta terça-feira (29/3). O percentual colhido na terça (22/3) e quarta-feira (23/3) subiu para 53%, ante 36% da sondagem anterior, em dezembro de 2021.
No levantamento, 17% acham que os casos vão diminuir e 26% pensam que ficarão como estão; 4% não sabem. O levantamento foi feito dias após a divulgação das primeiras denúncias envolvendo o Ministério da Educação (MEC).
Reportagens apontaram a existência de um “gabinete paralelo” no MEC comandado por dois pastores evangélicos sem cargo oficial no governo e que teriam cobrado vantagens ilícitas de prefeitos para facilitar a liberação de verbas no âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O caso levou à demissão do ministro Milton Ribeiro, que pediu exoneração na segunda-feira (28/3), depois de avaliações de que a situação estava respingando no presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo o Datafolha, a expectativa de aumento da corrupção é maior entre mulheres (58%), pessoas com ensino fundamental (59%) e quem ganha até dois salários mínimos (59%). É menor, contudo, entre os que recebem mais de 10 salários (38%).
Na média, 17% avaliam que houve diminuição de malfeitos. Essa avaliação é superior entre homens (20%), quem tem ensino superior (20%) e pessoas com renda acima de 10 salários mínimos (26%). A percepção é menor entre jovens de 16 a 24 anos (14%).
No auge da Operação Lava Jato, entre 2015 e 2017, a corrupção chegou a ser apontada como o principal problema do país, com menções na casa dos 35%. Agora, ela é citada por apenas 5% dos ouvidos pelo Datafolha, atrás de saúde (22%) e economia (15%), apontadas como as maiores preocupações atualmente.
Aumento do pessimismo
A pesquisa de março mostra uma piora na percepção de aumento da corrupção. Em dezembro o patamar dos que acreditavam em aumento da corrupção no futuro tinha despencado em relação ao levantamento anterior, de setembro (de 61% para 36%). Aquele foi o menor nível desde o início da gestão Bolsonaro.
Já a parcela dos que esperavam diminuição dos casos havia subido (de 11% em setembro para 30% em dezembro).
Agora, mais da metade dos entrevistados (53%) aguarda piora no cenário, mas ainda distante do pico alcançado em março de 2021 (67%). Na mesma pesquisa, 8% acham que a corrupção iria reduzir (menor índice).