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Dia das Mulheres: fotógrafa acreana reúne mulheres cis e trans em ensaio; confira

Por NANY DAMASCENO, DO CONTILNET

Natércia junto com as mulheres fotografadas/Foto: Natércia Damasceno

“A fotografia é minha voz e, enquanto eu puder, vou fazer chegá-la o mais longe possível”. A frase é de Natércia Damasceno, acreana, mãe, jornalista, fotógrafa e artista, como ela mesma se descreve. Recentemente, ela lançou um projeto chamado Retratos Femininos, que está sendo lançado em alusão ao Dia Internacional da Mulher, comemorado nesta terça-feira (8).

Natércia durante ensaio/Foto: Natércia Damasceno

Natércia começou a fotografar de forma profissional em 2008, com cobertura fotográfica festas infantis, área que atua até hoje, mas o contato com a fotografia vem bem antes disso. “Iniciei meu contato com a fotografia na faculdade de comunicação social/jornalismo e passei a buscar cursos na área. Por volta de 2006, comecei a registrar a cena musical autoral em Rio Branco e em 2008, inicio a cobertura fotográfica de festas infantis, área que atuo até hoje. Fiz parte do Pium Fotoclube – o primeiro clube de fotografia do Acre, que desenvolveu atividades na área da fotografia entre nos anos de 2010 e 2014. Atualmente, sou fotógrafa na assessoria de comunicação da Ufac e realizo esses projetos paralelos, geralmente com a temática feminina”, resume Natércia.

RETRATOS FEMININOS

Adeni Silva. Natural de Piranhas(GO), mas vive no Acre há 40 anos. É mãe de duas e secretária executiva na Casa dos Conselhos Estaduais. Bacharel em História e Serviço Social e especialista em Gestão Pública/Foto: Natércia Damasceno

Esta não é a primeira vez que a fotojornalista faz um ensaio independente especial para este dia. Em 2019, ela reuniu algumas amigas e as fotografou em um ensaio com a temática We Can Do It, que traduzindo para o português é “Elas Podem”, inspirando na ilustração icônica da operária com lacinho vermelho na cabeça que hoje estampa muitas campanhas que ressaltam a força feminina. “A temática feminina conversa comigo tem algum tempo. Já participei de exposições fotográficas coletivas. Ano passado, realizei minha primeira exposição fotográfica individual, Poesias Femininas Interpretadas, um projeto desenvolvido com recursos da Lei Aldir Blanc. E, agora, em 2022, mantive a representatividade da data e realizei esse ensaio independente”.

Vereadora Michelle Melo foi uma das fotografadas por Natércia/Foto: Natércia Damasceno

E por falar em representatividade, Natércia escolheu quatro mulheres para o ensaio: uma professora, uma mulher trans, uma mulher negra de meia idade, uma mulher na política. As homenageadas representam uma grande parcela de mulheres acreanas e foi exatamente isso que Natércia quis passar aos seguidores quando divulgou sua arte. “Sempre busco levar em consideração a representatividade, para que outras mulheres vejam o trabalho se vejam ali de alguma forma. Claro que tenho a consciência que nunca conseguirei alcançar uma representatividade ideal e contemplar todos os perfis, mas, aos poucos, vou incluindo mulheres diversas”.

Guadalupe Pereira é natural de Rio Branco e estudante de Publicidade/Foto: Natércia Damasceno

Além de levar uma mensagem a quem vê as fotos, Natércia leva também autoestima e autoconfiança das mulheres fotografadas. “A estrutura é bem simples. Monto um estúdio improvisado na área da minha casa e as recebo de forma acolhedora. A gente ri, conversa e se diverte enquanto eu fotografo. E essa passa a ser uma experiência interessante pra elas, que muitas vezes nunca foram fotografadas por uma profissional. É sempre uma troca!”.

Imara Garrafiel
Nascida em Rio Branco, mas como a família é de Xapuri, viveu lá até seus 15 anos.
É formada em Ciências Sociais e Pedagogia e professora dos anos iniciais/Foto: Natércia Damasceno

DIA DAS MULHERES

Apesar de hoje ser uma data comercial, a origem do Dia das Mulheres não teve esse início, surgiu como símbolo de muita luta do movimento operário em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. Um ano depois, o Partido Socialista da América declarou o primeiro Dia Nacional das Mulheres e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU), celebrada pela primeira vez em 1911, na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.

“Acredito que a fotografia, além de arte, é uma ferramenta de comunicação. Com esses projetos, busco passar uma mensagem. É uma maneira da gente rever e repensar algumas ideias por meio das imagens. Diferente de outras datas comemorativas, o Dia Internacional da Mulher não teve uma origem comercial. Ele foi criado a partir de muita luta e reivindicação por direitos iguais, principalmente na classe operária. Antes de nós, muitas mulheres foram às ruas em busca de melhores condições de trabalho, de direito ao voto e de mais liberdade. E essa é a forma de honrar aquelas que nos antecederam e garantiram nosso direito de expressão”, avalia Natércia.

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