Polarização
A polarização política nos EUA, entre Republicanos e Democratas, sem traumas, acontece secularmente.
Embora a estrutura partidária dos EUA abrigue mais de uma dezena de partidos políticos, apenas dois, no plano federal, tem conseguido eleger o presidente da República, no caso o Republicano e o democrata.
No Brasil, não são os partidos políticos que constroem suas alianças, são sim, aqueles que, individualmente, dão a última palavra e define qual deva ser as alianças que melhor lhes convier. Seus filiados sequer são consultados, nem mesmo os seus diretórios nacionais. Exemplifiquemos;
Presentemente, nada acontece no PT sem o aval do ex-presidente Lula. Enquanto vivo, Leonel Brizola era quem dizia como o PDT deveria se comportar. Por longevos anos Paulo Maluf mandava no atual PP. O saudoso Ulisses Guimarães, em vida, determinava como o MDB devesse agir. Quanto aos partidos de menor expressão, feitos micro-empresas, as alianças se dão em razão das vantagens que lhes forem ofertadas.
Nos EUA, enquanto o ex-presidente Bill Clinton, estrela de primeira grande no partido Democrata pretendia fazer de sua esposa, Hillary Clinton, candidata a presidência, Barack Obama acabou derrotando-a nas prévias realizadas pelo próprio partido Democrata e sagrou-se candidato e conseguiu se eleger por dois mandatos consecutivos.
Somos sim, um país que não leva a sério os nossos partidos políticos, e ainda mais, temos uma legislação político-partidária que poderemos considerá-la como anárquica. Resultado: integrantes de 27 partidos distintos se fazem presente no nosso Congresso Nacional, e disto tem resultado a nossa ingovernabilidade.
Sei, perfeitamente, que o nosso país precisa realizar um rosário de reformas constitucionais, mas como todas elas dependem, para além da vontade política de quem estiver na presidência da nossa República da aprovação dos nossos congressistas. Portanto, a primeira deveria ser a da nossa legislação político-partidária, isto porque, as demais dependem desta.
Estamos há menos de oito meses das próximas eleições, enquanto isto, em tendo sido derrotado nas prévias realizadas pelo seu partido, o PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, está sendo insistentemente convidado para se filiar ao PSD, desta feita, podendo se candidatar a presidência da República.
O enfraquecimento da nossa democracia decorre do comportamento dos nossos políticos, e em particular, da fragmentação e da fragilidade dos nossos próprios partidos.
Pior ainda: a montanha de candidatos da chamada terceira via, ao tempo em que se diz contrário a polarização Lula/Bolsonaro, cada vez mais, só a fortalece. Decerto uma coisa: nenhum a deles chegará ao 2º turno.