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Narciso Mendes: ‘O eleitor não pode fazer do seu voto uma mercadoria’

Por NARCISO MENDES, PARA CONTILNET

Foto: Reprodução

Calote cívico.

Quando um candidato tentar comprar o seu voto receba o que lhes for ofertado e aplique-lhes um merecido calote.   

O voto não é uma mercadoria que se vende. Portanto, o candidato que tentar comprar o seu voto comete um crime e o eleitor que o retribui com o voto torna-se cúmplice e futuramente vítima. Isto não significa dizer que você esteja proibido de receber a oferta, conquanto aplique-lhes o que achei por bem denominar de calote cívico, ou seja, vote no candidato que a sua consciência recomendar. Fazendo-se assim, e de forma generalizada, o mercado eleitoral chegará ao fim.  

Falando-se em calote, um comportamento geralmente condenado, em se tratando do voto popular, o eleitor que caloteia um candidato que tentar comprar o seu voto estará prestando um serviço a nossa democracia e se revela um defensor da sua própria cidadania, e a dos demais cidadãos.  

Muito tem se reclamado da nossa representação classe política, particularmente, daqueles que se elegeram comprando votos. E por que isto vem acontecendo a cada eleição? Porque o candidato que compra os seus votos se sente quitado com seus eleitores. Esta é uma das regras prevalente em todo e qualquer mercado.

Para além de um direito votar é também um dever, e como dever, o eleitor não pode fazer do seu voto uma mercadoria. A exemplificar: 52,5% dos eleitores do Brasil são do sexo feminino e 47,2% são do sexo masculino, enquanto nos diversos espaços de poder, seja no executivo ou no legislativo, a representação feminina não chega aos 15%. E por quê? Porque os compradores de votos, majoritariamente, são do sexo masculino.   

Em relação ao nosso desequilíbrio social, embora a base de nossa pirâmide eleitoral seja constituída de pobres, raramente, alguns deles conseguem chegar ao poder. Neste contexto também devemos levar em consideração o racismo, afinal de contas, a cor da pele é ainda mais percebível nas nossas estruturas de poder. Na prática o resultado tem sido sempre o mesmo: ser mulher, pobre e negra muito raramente consegue se eleger, ainda que este conjunto represente mais de 60% dos eleitores. 

Voto não tem preço, tem valor, e para o valorizarmos só existe uma alternativa: o eleitor não pode se deixar levar pelos candidatos que só o procura nos períodos que antecedem as suas eleições. 

Entre os nossos atuais 513 deputados federais eleitos em 2018, apenas 77 são do sexo feminino, embora tenha havido um crescimento, comparando-se com as anteriores de 2014, pois era apenas 51. 

A despeito de todos os esforços da nossa Justiça Eleitoral visando conter a compra de votos, sugiro o calote cívico como um dos instrumentos para conter os compradores de votos nos nossos processos eleitorais. Para tanto, basta não votar nos candidatos que ousar suborná-lo.

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