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Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky: de comediante a herói de guerra

Por EZIO GAMA, PARA CONTILNET

Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em 5 de outubro de 2021, em Kiev UKRAINIAN PRESIDENCY/Anadolu Agency via Getty Images

No momento em que o mundo se abala com a ofensiva de guerra contra um país minúsculo como a Ucrânia, surge uma inesperada e improvável figura heroica que sai em defesa de seu povo. Não sei se o título de herói é justo ou exagerado, mas uma coisa é certa: Zelenski está se saindo muito bem como comandante da nação em meio aos ataques da gigante Rússia.  

Para a surpresa de muitos, pois, de comediante, ator, roteirista e produtor e diretor de cinema, além de ter ficado atrás nas pesquisas presidenciais de 2019, venceu as eleições e agora impacta o mundo positivamente com sua postura coerente de resistência em defesa de seu país.  

Acusado injustamente por Putin de “nazificar” a Ucrânia, para justificar seu ataque, acaba ressuscitando os ideais comunistas soviético, de oposição ao nazismo. O fantasma nazista está rondando a cabeça de Putin. O presidente ucraniano é filho de judeus sobreviventes do holocausto, o que seria uma acusação leviana e contraditória contra ele. Essa narrativa desmorona até mesmo pelo fato de Zelensky estar sendo aconselhado por Rabinos judeus que não deixaram a Ucrânia e suplicam a Deus pela paz. Fontes internacionais afirmam que ataques aéreos em Kiev atingiram o Memorial do Holocausto. Isso sim se aproxima mais das práticas fascistas operadas pelo nazismo do que simplesmente na Ucrânia constar a presença de neonazistas, assim como lamentavelmente tem em diversos países.  

Na expectativa de um sessar fogo, o presidente ucraniano defendeu uma reunião com o mandatário russo, Vladimir Putin. “Quero me dirigir novamente ao presidente da Federação Russa. A luta continua por toda a Ucrânia. Vamos sentar à mesa de negociações para impedir as fatalidades humanas”, disse Zelensky em comunicado virtual. Antes disso, solicitou para a ONU condenar as ações de Putin como crimes de guerra, e posteriormente pediu a entrada da Ucrânia na União Europeia. No entanto, acredito ser bem difícil essa adesão acontecer. Seu flerte com a Otan já causou muitos conflitos com a Rússia, mas é compreensível seu desespero e temor de serem varridos do mapa e serem anexados à Rússia, como o foi a Crimeia. Assim como há o temor da Rússia de ter mais exércitos e armas perto de suas fronteiras, como o receio de serem enfraquecidos e freados em seus objetivos expansionistas.  

Volodymyr Zelensky declarou que se encontrava sozinho na batalha. Essa guerra é algo semelhante a Davi enfrentando o gigante Golias. Contudo, a mídia noticiou diversas vitórias ucranianas, soldados russos desistindo da batalha, quase 6.000 soldados russos mortos, 30 aeronaves abatidas e 31 helicópteros derrubados, 865 carros armados e 211 tanques de guerra destruídos, podendo já contabilizar muito mais agora, com dados atualizados. 

Diante de uma grande baixa da Rússia, os russos não esperavam tanta resistência por parte da Ucrânia, logo vindo a ideia de Putin de incentivar e forçar o parlamento derrubar o presidente da Ucrânia e os ucranianos assumir o poder. Foi inútil. Também pediu a rendição do exército da Ucrânia e quando percebeu a força de resistência ucraniana, pôs em alerta máxima seu arsenal nuclear como forma de dissuasão. Tudo isso aumentando a pressão e demonstrando se tratar de uma guerra híbrida, militar, cibernética e possivelmente nuclear. 

Zelensky enfrentou e sobreviveu a três tentativas de assassinato na semana passada, segundo publicou o jornal Britânico The Times. As tentativas foram realizadas por mercenários apoiados por Moscou e outro grupo das forças paramilitares especiais da Chechênia.  As tentativas de homicídio foram abortadas por agentes contrários à guerra dentro do próprio Serviço de Segurança Federal da Rússia. Os serviços de inteligência dos EUA e Reino Unido afirmam que o nome de Zelensky é o primeiro da lista de pessoas que as forças russas pretendem eliminar. O presidente ucraniano afirmou que sua família está em segundo lugar na lista, mas que todos vão permanecer na Ucrânia. 

A Ucrânia ainda está em grande desvantagem nesta guerra, pois a Rússia e sua força de combate é enorme e bem armada. Todavia, este bacharel em direito de 44 anos, um novato político, tem liderado pelo exemplo e tem sido modelo de coragem, causando admiração e elogios de muitos líderes no mundo, até mesmo do ex-chefe de Estado do Irã e tem sido considerado um verdadeiro herói. Cogitam de ele ser o próximo Nobel da Paz. Apesar de fontes do governo afirmarem que ele fingiu para outro país (suspeitam ser para a Polônia), isso pode ser uma estratégia de proteção para ele e sua família. Contudo, ele está deixando um enorme legado. E para aqueles que o criticavam, afirmando que sua candidatura não passava de uma piada, ele tem demonstrado que não está para brincadeira e que essa guerra não tem nada de ficção, nem de comédia. É um triste e verdadeiro drama na vida real. Enquanto não se tem um acordo de paz entre ambos os países, lamentavelmente ainda veremos cenas dos próximos capítulos. 

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