Abel começou carreira na rua ao lado de casa em Penafiel e fez cidade virar palmeirense
Por GE
Abel Ferreira nasceu em Penafiel, uma cidade totalmente diferente da metrópole São Paulo, onde vive desde que assumiu o Palmeiras e em breve terá a companhia da esposa Ana Xavier e suas duas filhas.
A família do treinador, por enquanto, segue na região da pacata cidade portuguesa, com cerca de 15 mil habitantes e localizada a pouco menos de 40 km do Porto. Lá permanecem, também, amigos de infância, companheiros do início de carreira no FC Penafiel e que viraram um pouco palmeirenses.
O técnico do Verdão é assunto frequente entre os moradores, afinal cresceu na cidade e iniciou a carreira ao lado de sua casa. A Rua 33, onde viveu por muitos anos, termina em frente a um dos portões do estádio 25 de abril, palco dos jogos do FC Penafiel.
Os garotos da região jogavam bola na própria rua, e em algum momento passaram pelas categorias de base do clube. Abel seguiu esse caminho, mas quem vê sua trajetória consolidada hoje pode se surpreender ao saber que o técnico do Verdão cogitou parar antes de virar profissional.
Seus pais não queriam que ele parasse os estudos por conta da tentativa de virar jogador de futebol. E no momento em que teve um pouco mais de dificuldades no colégio houve, também, um confronto com Miguel Leal, seu então treinador.
Abel fez carreira como lateral-direito, mas inicialmente jogava como meio-campista no Penafiel. Miguel avisou que o melhor caminho seria mudá-lo para a defesa. A reação não foi boa. Já sem ser titular, o agora consagrado técnico do Palmeiras decidiu que não prosseguiria na tentativa de virar jogador. Coube a Manuel Potinho, seu primeiro técnico, convencê-lo do contrário.
– Ele era um jogador raçudo, gostava dele. Um gajo que gostava mesmo. Nos juniores, o Abel desapareceu, fiquei 15 dias indo à casa dele, martelava na cabeça dele, martelava… Ele dizia que ia só estudar. Disse: “Fazes mal, tem qualidade extraordinária, pode ser um grande jogador”. Martelei até que ele voltasse, e hoje é o que é, em parte graças a mim, porque insisti com ele – recordou Potinho, ao ge.
Depois de decidir seguir a carreira, Abel jogou no Penafiel de 1997 a 2000, até ser vendido para o Vitória de Guimarães. Mesmo há mais de 20 anos longe, ele mantém uma relação muito próxima com a cidade, ainda que seja uma pessoa que evita ao máximo a badalação.
Nas suas últimas férias, após o bicampeonato da Libertadores, ele foi assistir a um jogo do clube que o formou e hoje disputa a segunda divisão portuguesa. Mas antes fez um pedido: que ficasse em um setor menos badalado do estádio para passar despercebido.
Durante a passagem neste começo de ano pela cidade em que nasceu, Abel reencontrou Potinho, que recebeu uma camisa autografada com a mensagem: “Um abraço de admiração e estima”.
A partir do segundo semestre a expectativa é de que a esposa de Abel e suas filhas se mudem para o Brasil, mas o restante da família continuará em Penafiel, incluindo seus pais. “Penafidelense da gema”, como se define, Abel continuará com raízes na cidade ao norte de Portugal, que no ano passado o premiou com o título de cidadão honorário.
Sua vida, porém, está cada vez mais interligada com São Paulo, ainda mais com a renovação de contrato até o fim de 2024. Os amigos, à distância, apenas torcem para vê-lo fazer ainda mais sucesso no Brasil.
– Só quero que seja feliz e que dê toda a felicidade ao povo do clube dele. É um grande clube, não vejo pessoas com a alegria daquele clube. Maravilhoso, cantam, dançam. Está tudo nas veias daquela gente, isto que é viver – encerrou Potinho.