Na última segunda-feira (11), uma mancha solar “morta” explodiu, liberando grandes cargas de energia na forma de radiação. O evento também causou uma ejeção de massa coronal (CME) em direção à Terra – basicamente, uma bola explosiva de plasma do Sol. E ela está prevista para atingir nossa atmosfera amanhã (14), por volta das 8h.
Mas não há motivo para pânico; ela não representa qualquer risco de impactos catastróficos para o planeta. O que poderemos sentir são os efeitos de uma tempestade geomagnética de nível leve a moderado, como oscilações nas operações de satélites ou na rede elétrica.
O momento da erupção solar (flare) foi registrado pelo satélite Solar Dynamics, da Nasa, e pelo Observatório Real da Bélgica.
Sua consequência mais aguardada (e bela) estará no céu: uma CME costuma causar auroras boreais e austrais muito intensas, visíveis em latitudes mais baixas que o normal.
Quando suas partículas eletricamente carregadas atingem o campo magnético terrestre, elas podem descer pelo polo Norte e Sul, interagindo com os gases da atmosfera. Isso libera energia em forma de fótons (partículas que compõe a luz), que criam as cores e formas dançantes no céu, que chamamos de “auroras”.
Infelizmente para nós, o espetáculo costuma ser visto apenas nos países da região dos círculos polares, especialmente Canadá, Finlândia, Islândia, Noruega, Rússia e Suécia, além da Groenlândia (território dinamarquês) e do Alasca (nos Estados Unidos).
Esta semana, as auroras devem acontecer com mais intensidade em uma faixa mais larga do globo, incluindo locais como o norte dos Estados Unidos, a Nova Zelândia, e o sul da Argentina e do Chile.
Manchas e erupções solares
Manchas solares (sunspots) são aquelas regiões escuras na superfície do Sol. São causadas pelos intensos fluxos magnéticos e de plasma no interior da nossa estrela, que escapam para fora.
Elas são temporárias, podendo durar de poucas horas a alguns meses. O próprio processo de convecção do Sol “mata” essas manchas, despedaçando-as e deixando um rastro magneticamente perturbado.
A que explodiu esta semana foi a mancha solar AR2987, que gerou uma erupção de classe C, um tipo comum e que raramente causa impactos diretos na Terra.
Um detalhe curioso é que esta mancha já estava “morta”. Mas como? Dias ou semanas depois, manchas solares podem “ressuscitar”, com magnetismo reaparecendo na mesma região, e explodir novamente.
Algumas vezes, como na segunda-feira, estes “flares” podem disparar ejeções de massa coronal, que são enormes erupções de plasma e campos magnéticos do Sol, que viajam através do espaço a milhões de quilômetros por hora. Os eventos de classe C raramente geram CMEs mas, quando o fazem, são mais lentas e fracas.
Atividade solar e auroras
Durante as épocas mais calmas na superfície do Sol, o fluxo de partículas conhecido como “vento solar” é suficiente para desencadear auroras nas regiões polares do planeta.
Mas, durante as grandes CMEs, há uma maior perturbação no campo magnético da Terra, o que significa que as auroras podem aparecer em uma zona muito mais ampla. Elas são chamadas de “boreal”, se ocorrem no hemisfério Norte, ou de “austral”, no Sul.
Atualmente, o Sol atravessa um período de atividade elevada, que explica a maior ocorrência de auroras, tempestades geomagnéticas e outros fenômenos recentes. São os chamados “ciclos solares”, que duram cerca de 11 anos, alternando calmaria e atividade.
Este é o ciclo 25 – ou seja, o vigésimo quinto desde que as observações formais foram iniciadas, em 1755. O número de manchas solares segue aumentando, e deve atingir o pico em 2025.