Flamengo x Palmeiras: o que une e o que diferencia Paulo Sousa e Abel Ferreira em duelo português
Por GE
O jogo entre Flamengo e Palmeiras, nesta quarta-feira, às 19h30, no Maracanã, terá algo que se tornou comum nos últimos anos no Brasil: um duelo de técnicos portugueses.
Paulo Sousa, treinador do Rubro-Negro, e Abel Ferreira, comandante do Verdão, apesar de compatriotas, vão se enfrentar pela primeira vez em suas carreiras. E isso acontecerá com os dois vivendo momentos diferentes em seus clubes.
Paulo Sousa chegou ao Flamengo no começo deste ano. Com pouco mais de quatro meses de trabalho, ainda busca conquistar a confiança dos torcedores.
As perdas dos títulos da Supercopa e do Campeonato Carioca, para Atlético-MG e Fluminense, respectivamente, colocaram pressão sobre o trabalho do português.
Já Abel Ferreira vive o oposto no Palmeiras. Com seis títulos conquistados em poucos mais de um ano e meio de trabalho, sendo duas Libertadores, o treinador se tornou um ídolo incontestável dos torcedores.
Nesta temporada, o Palmeiras já levantou os troféus da Recopa Sul-Americana e do Paulistão, deixando Abel ainda mais em evidência, sobretudo após os 4 a 0 sobre o São Paulo na decisão do estadual.
Recentemente, ele renovou o contrato com o Verdão até o fim de 2024 e, se mantiver a média de títulos, pode se tornar o treinador mais vencedor da história do Palmeiras.
Dupla tem o mesmo empresário
Apesar de Paulo Sousa e Abel Ferreira nunca terem se enfrentado, há algo que os une além da nacionalidade: ambos têm o mesmo empresário, Hugo Cajuda, responsável por trazê-los ao Brasil.
Cajuda conversou com o ge sobre o trabalho que realiza com a dupla e falou sobre a sensação de vê-los em dois dos maiores clubes do país.
– A satisfação é enorme, o futebol é minha paixão desde sempre, eu cresci no futebol. É máxima, é total a satisfação. Além disso, poder ajudar com a minha parte no crescimento desses dois clientes e amigos é algo incrível para mim – disse ele, que é filho de Manuel Cajuda, um dos treinadores com mais vitórias na história da Liga Portuguesa.
O empresário vê uma característica importante em comum entre Paulo Sousa e Abel Ferreira.
– O ponto comum que vejo entre eles é a capacidade inesgotável de trabalho. São pessoas que têm suas famílias, mas enquanto estão a trabalhar, vão ao limite do que é possível um profissional trabalhar. Ambos muito preocupados em cuidar de todos os detalhes, com muita paixão pela profissão. Vejo o foco total na profissão dos dois, na ambição de querer ganhar e fazer tudo que é possível. Ir sempre ao limite. É uma capacidade inesgotável de trabalho – analisou.
Cajuda também explica por que os portugueses têm tido tanto destaque e o mercado brasileiro se tornou tão atrativo para os treinadores do país.
– Isso é global, não só no Brasil. Nos últimos 15 anos, a formação de técnicos portugueses foi muito aprimorada. Hoje, a formação do técnico português, o curso, as etapas, atingiu um nível muito alto e exigente, quase de excelência. Eles recebem uma formação muito detalhada, profissional. Também há uma capacidade de adaptação e uma partilha muito grande de conhecimento entre eles.
Mesmo sendo um dos principais responsáveis pela entrada de técnicos portugueses no Brasil, o empresário valoriza os profissionais do país e considera o movimento normal dentro do futebol.
– O mercado é global, há muitos anos, hoje mais do que nunca. Qualquer pessoa pode trabalhar em qualquer parte do mundo. O brasileiro não tem que se preocupar. Há 30, 40 anos, tem técnico e jogador brasileiro em Portugal. Temos que olhar para esse movimento como global e natural.
– No Brasil, tem ótimos técnicos, que fazem trabalho brilhante, tanto novos como mais experientes. É preciso parar com isso de que o brasileiro não serve mais. Isso não é verdade. Tem muito técnico competente, isso é um movimento natural – completou.