Uma adolescente de 15 anos da cidade de Tucson, no Arizona (EUA), é alérgica à água e afirma que não consegue chorar ou tomar banho regularmente porque surgem feridas dolorosas em sua pele.
Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, Abigail Beck conta que só foi diagnosticada com esta alergia no mês passado, após três anos do surgimento dos primeiros sintomas. “É realmente frustrante. As pessoas me pedem para explicar como funciona, mas não posso explicar porque isso acontece, porque ninguém sabe ou entende”, disse.
A condição da adolescente é extremamente rara, estimada em uma a 200 milhões de pessoas, e causa a formação de urticária quando a pele entra em contato com a água, como apontou a publicação britânica.
Segundo Abigail, as gotas de água da chuva ou do banho se assemelham a um ‘ácido’, o que faz com que ela tome banho apenas uma vez a cada dois dias.
A jovem conta ainda que não toma um copo de água há mais de um ano porque isso a faz vomitar. Em vez disso, ela prefere bebidas energéticas ou suco de romã, que têm menor teor de água. Abigail também toma pílulas de reidratação, e os médicos até cogitam dar intravenosas regulares para que ela obtenha mais fluídos no futuro, caso sua situação não melhorar.
Primeiros sintomas
Abigail teve os piores sintomas da alergia pela primeira vez em 2019, aos 13 anos, quando começou a puberdade. Apesar de menos de 100 casos terem sido registrados, normalmente a condição ocorre durante este período de desenvolvimento.
De acordo com o jornal britânico, acredita-se que a condição possa ocorrer devido a uma substância na água que desencadeia uma resposta imune. A maioria dos casos ocorre aleatoriamente, sem histórico familiar da doença. Devido à raridade desta alergia, pouco se sabe sobre a melhor forma de tratá-la.
As terapias normalmente incluem anti-histamínicos, tratamentos com luz UV, esteróides, cremes que atuam como uma barreira e banhos de bicarbonato de sódio. Abigail relatou ao Daily Mail que só criou coragem este ano de ir ao médico e que demorou muito tempo para ser diagnosticada.
Inicialmente, a jovem disse ter desconfiado da qualidade da água de sua casa e até do creme corporal que usava. Mas com o tempo os sintomas pioraram e ela percebeu que outras pessoas não sofriam da mesma forma que ela.
De acordo com ela, a condição a prejudicou em diversas partes de sua vida, interrompendo sua capacidade de tomar banho, de se exercitar e até de chorar.
“Minhas próprias lágrimas causam uma reação em que meu rosto fica vermelho e queima muito. Eu choro como uma pessoa normal e dói. As lágrimas são uma das piores partes disso, porque quando você chora, suas lágrimas não devem queimar sua pele. Eu vomito se bebo água, meu peito dói muito e meu coração começa a bater muito rápido”, relatou.
Abigail só pode beber uma pequena quantidade de água de cada vez e toma anti-histamínicos e esteróides para combater as reações. Para ela, a parte mais assustadora da doença é a falta de informação, já que a condição é rara. A jovem conta que resolveu falar sobre a condição para dar mais voz a isso.
“Quando digo às pessoas que sou alérgica à água, elas pensam que é absolutamente ridículo e muitas ficam chocadas com isso. As pessoas sempre falam que nossos corpos são feitos de água”, afirmou.