Esse mecanismo foi criado em 2009 como uma possibilidade aos trabalhadores de investirem em novas aplicações, a partir de determinadas regras. Ele foi disponibilizado, por exemplo, durante o processo de privatização da Petrobras e da Vale do Rio Doce, em que os trabalhadores com contas vinculadas ao FGTS puderam garantir ações dessas empresas.
A Caixa Econômica Federal divulgou em março deste ano um manual operacional para a aplicação dos recursos do FGTS nesse fundo.
Como usar o FGTS para comprar as ações?
As regras de movimentação da conta do FGTS dependem de cada decisão de privatização do Programa Nacional de Desestatização (PND), além de requerer autorização específica sobre a utilização do FMP.
A Resolução nº 203/2021 do Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos autorizou as condições para desestatização da Eletrobras. Segundo a Caixa, a expectativa é de que sejam movimentados até R$ 6 bilhões pelos FMP-FGTS.
A Caixa explicou que ainda será divulgada uma data sobre o lançamento da oferta e, a partir deste momento, o titular da conta do FGTS terá que registrar a opção para formalizar o pedido de aplicação dos valores do fundo na oferta pública.
Após a formalização do pedido, os interessados devem repassar à Caixa a solicitação de pedido de reserva para a compra de ações.
No caso da compra de ações da Petrobras e da Vale do Rio do Doce pelos Fundos Mútuos de Privatização com o FGTS, a Caixa disponibiliza informações sobre a aplicação inicial requerida, o público-alvo, a taxa de administração anual e até mesmo o perfil de risco.
Os trabalhadores podem conferir no site do banco clicando aqui.
Andamento da capitalização
A data de lançamento para a aplicação dos recursos do FGTS em ações da Eletrobras depende do andamento do processo de capitalização da empresa. O Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou, na última quarta-feira (18), por maioria, a continuidade do processo, mas ainda restam etapas a serem cumpridas.
A expectativa do governo é que o processo seja concluído até julho, pois novos atrasos podem complicar a desestatização da companhia em razão do calendário do ano eleitoral, segundo os analistas.
Entre as etapas do cronograma de venda da empresa está a definição pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimentos (CPPI) do preço mínimo da ação.
O jornal O Estado de S. Paulo divulgou que os bancos que estão assessorando na oferta fazem uma leitura de mercado e submetem a avaliação para a Eletrobras e o BNDES.
De acordo com o jornal, depois há um processo de aprovação interna do vendedor e, na sequência, será feito o lançamento da oferta por meio de um prospecto de venda.
Ações em alta
A conclusão da análise do TCU fez com que as ações ordinárias da empresa (ELET3) encerrassem a quinta-feira (19) com valorização de 3,45%, a R$ 44,06. Já o papel preferencial classe B (ELET6) subiu 2,54%, a R$ 43,20.
A analista de economia da CNN Thais Herédia afirma que, imediatamente, pode até haver uma queda, já que ainda há definições e trâmites para a continuidade do processo de desestatização.
Contudo, no médio e longo prazos, a perspectiva é de que haja valorização, devido à política que embute uma série de obrigações que não estavam no plano original desse processo.
Corretoras e bancos estimam que a ação chegue a um preço médio de R$ 54,11, uma valorização de mais de 20% ainda esse ano.