Já foi autorizado o início do processo de beatificação de uma das figuras religiosas mais respeitadas do Acre, padre Paolino Maria Baldassari. O sacerdote faleceu no último dia 8 de abril de 2016, aos 90 anos, vítima de uma parada cardíaca e de falência múltipla dos órgãos, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Juliana, após dois meses de internação.
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Uma sessão de abertura do processo para tratar das burocracias que podem colocar o defensor dos pobres como o primeiro beato da região Norte no Brasil será realizada no próximo dia 21 de maio, em Sena Madureira – onde Paolino exerceu a maior parte da sua vocação -, no auditório da escola Messias Rodrigues, a partir das 8h.
A informação foi dada à reportagem do ContilNet pelo pároco da Igreja Nossa Senhora da Conceição, Moisés Oliveira.
O evento será dividido em duas etapas: uma jurídica e outra religiosa.
O primeiro momento, a ser realizado no auditório, será para formar o tribunal que vai avaliar os mais de 50 testemunhos de milagres concedidos pela intercessão do padre – coletados no Acre e na Itália, onde o Baldassari nasceu. O grupo terá um delegado episcopal, um promotor de justiça e um notário (formado por membros do clero e leigos). Os nomes só serão divulgados no dia do evento.
A próxima etapa se trata de uma missa solene, marcada para as 19h, na Igreja Matriz, com a apresentação da imagem do padre e uma cerimônia especial de homenagens e bênçãos.
Coletados os testemunhos, os registros serão encaminhados para a Congregação da Causa dos Santos, entidade ligada ao Vaticano, que vai dar o parecer para a beatificação.
A atribuição, de acordo com as normas da Igreja Católica Apostólica Romana, só ocorre após a comprovação de um milagre. Uma vez atingida a condição de beato, procede-se o processo de canonização.
“Estamos muito felizes com essa notícia. Nossa comunidade está com o coração vibrando e em festa. Padre Paolino tem um legado de fé, luta, entrega e amor que muito nos orgulha”, disse Oliveira.
Muitas são as conquistas que tornam padre Paolino um dos homens mais admirados do Brasil e do mundo. Em 2004, o vigário foi intitulado Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Acre (Ufac), além disso, se consagrou um dos religiosos com maior tempo de sacordócio no país.
Sua morte, que abalou muitos fieis católicos e lideranças políticas, foi lembrada, inclusive, pela cúria romana – ocasião em que o Papa Francisco emitiu um nota de pesar e solidariedade.
Da Itália para o Acre
Nascido na Itália, era filho de um pedreiro com uma agricultora. Ainda jovem tornou-se ajudante de pedreiro e não gostava de estudar. Era tão ruim em matemática, segundo ele mesmo afirmava, que, certa vez, numa única aula levou 70 tabefes do professor por não responder corretamente a tabuada. Após a guerra, tendo migrado para o Brasil, passou a ser aluno aplicado, formando-se em Teologia e aprendendo vários idiomas.
Ainda na Itália fez amizade com outro religioso, o frei Heitor Turrini, que virou seu principal parceiro na prática religiosa. Vieram juntos para o Brasil num avião da Alitália, por iniciativa de Turrini, que conseguiu passagens de graça. A proeza se repetiu na viagem para a Amazônia e custou a Heitor dois dias de carona num caminhão até o Rio de Janeiro, para pedir as passagens ao dono da empresa Cruzeiro do Sul (depois Varig).
Em decorrência da quantidade de viagens que fez ao interior, realizando consultas, batizados, missas e casamentos, Paolino desenvolveu malária 84 vezes, em 56 anos. Mesmo assim, a resistência venceu a adversidade.