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Narciso Mendes: ‘O tempo é o senhor da razão’

Por NARCISO MENDES, PARA CONTILNET

O ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, em evento no dia 12 de abril. — Foto: EVANDRO LEAL/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO

Quem te viu quem te vê.

Ao lembrar-se do seu próprio passado, por certo, o ex- juiz Sérgio Moro terá que se envergonhar de si mesmo

Entre os anos 2015/2018 o então juiz Sérgio Moro se transformou, entre todas as autoridades do no poder judiciário, na mais poderosa e celebrada do nosso país, e mais ainda, as manchetes de todos os nossos principais jornais e os melhores espaços das nossas redes de rádios e televisões se encarregavam de destacar o seu heroísmo, ainda que as suas decisões se confrontassem com a nossa legislação, até mesmo, com as de ordem constitucional.

Seu mote: combater a corrupção. Verdade seja dita: ele não foi o primeiro falacioso do nosso país e nem do mundo que, em nome do combate a corrupção, viu seu nome elevado aos píncaros da glória. Entre nós, lembremos a vassoura com a qual o então presidente Jânio Quadros dizia que varreria  a nossa corrupção. Mais remotamente, o então presidente Fernando Collor, seguindo a mesma trilha, na versão de caçador de marajás, numa disputa presidencial conseguiu derrotar os saudosos Ulisses Guimarães, Mário Covas, Leonel Brizola, entre outros. O próprio Lula, em 2º turno, foi derrotado na sua primeira tentativa de chegar à presidência da nossa República.

Infeliz daquele que fosse objeto de desejo da Operação Lava-Jato e dela se tornasse um dos seus alvos. Se petista, preferencialmente. Sem mais nem menos, todos eram logo submetidos as mais arquitetadas torturas psicológicas, cujo instrumento principal era as tais delações premiadas, e nelas sempre prevaleciam às declarações dos criminosos confessos, enquanto aos acusados sequer lhes era conferido o direito da presunção de inocência.

Como tempo é o senhor da razão, o próprio Sérgio Moro se encarregou, juntamente com os seus comparsas da Operação Lava-Jato, de antecipar a chegada da razão. O primeiro e mais evidente sinal de sua parcialidade e incompetência aconteceu quando ele se imaginou e passou a agir como se fosse um juiz em âmbito nacional. A condenação do então ex-presidente Lula, no caso do tal triplex do Guarujá, situado no Estado de São Paulo, sendo ele juiz da 13ª vara de Curitiba, acabou sob sua alçada. O mesmo aconteceu com o tal sítio de Atibaia.  

Seu comprometimento com a atividade política restou comprovado quando largou a toga e se tornou ministro da Justiça do presidente Jair Bolsonaro. Nada mais comprometedor. Entretanto, quando veio a público as revelações do The Intercept, do que restava de fama para Sérgio Moro tornou-se lama, e bastante apodrecida.  

A partir de então, suas decisões contra o ex-presidente Lula foram anuladas pelo STF-Supremo Tribunal Federal, e mais recentemente, o Comitê de Direitos Humanos da ONU, fez o mesmo, ou seja, considerou que em relação ao ex-presidente Lula o Juiz Sérgio Moro foi parcial e incompetente.

Volto a repetir: o tempo é o senhor da razão. 

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