“A principal causa do feminicídio no Acre se chama machismo estrutural”, diz promotora

A Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) realiza na manhã desta quarta-feira (8) uma audiência pública para debater as taxas de feminicídio no Acre.

A audiência ocorre por requerimento do deputado estadual Daniel Zen (PT), por solicitação do Conselho Estadual de Direito das Mulheres (Cedim/AC).

“Não temos o que celebrar, parece repetitivo, mas é importante que a gente sempre fale e repita os número, as vidas perdidas. Temos que estar em constante indignação. Estamos falando de um país no quinto lugar entre os países que mais matam mulheres. Só em 2021, a cada 7 horas uma mulher foi vítima de feminicídio. O Acre encabeça a lista há quatro anos. Desde 2018, enquanto a taxa de feminicídio no Brasil gira em torno de 1,2%, a nossa taxa é de 2,9% a cada 100 mil mulheres. Esse ano tivemos 7 feminicídios, o que indica que manteremos essa posição. Temos que nos questionar porque o Acre é o pior lugar para a mulher viver”, pontuou a procuradora do Ministério e coordenadora do Centro de Atendimento à Vítima (CAV), Patrícia Rego.

Dos 22 municípios acreanos, 15 apresentaram ao menos uma vítima de feminicídio nos últimos anos. Os municípios acreanos que lideram o feminicídio são Rio Branco (20), Cruzeiro do Sul (5) e Tarauacá (2).

Dados do Observatório de Análise Criminal do Núcleo de Apoio Técnico (NAT), do MP, revelam que pelo menos 59% dos crimes de feminicídio são praticados por companheiros ou ex-companheiros. “O feminicídio é um crime de ódio, não é um ponto fora da curva e é uma pessoa comum, que você encontra na sua igreja, que vai deixar o filho na escola, é um cidadão de bem”, diz Rego, que lembra que a maioria dos crimes ocorre no período da noite ou na madrugada [59%] e de sexta à segunda [54% deles], exatamente quando a Delegacia da Mulher está fechada. 69% dos crimes ocorrem dentro de casa.

Outro ponto levantado pela procuradora é a quantidade de órfãos que, na sua maioria, presenciam o crime. O Acre tem 75 órfãos do feminicídio.

“Só podemos combater o feminicídio através de políticas públicas que dialoguem com dignidade da mulher, que passem por igualdade entre gêneros, por moradia, renda digna, saúde, direitos reprodutivos e, principalmente, por questão de educação e informações. A principal causa se chama machismo estrutural, fruto da nossa sociedade patriarcal. Isso não é mimimi, ativismo ou militância. É a verdade! E enquanto não mudarmos isso, continuaremos no topo do ranking de feminicídio”, finaliza.

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