Perseguição
Thais relatou no processo uma espécie de perseguição do comediante há pelo menos três anos, dano reconhecido pelo magistrado. “A liberdade de expressão não pode se tornar subterfúgio e ensejar por consequência em agressões e insultos direcionados a outra pessoa de maneira deliberada e constante”, diz outro trecho da decisão que o iG teve acesso com exclusividade.
Em 2019, Danillo Gentilli recortou uma notícia em que a dançarina, que soma cerca de 15 milhões de seguidores nas redes sociais, reclama do tamanho da poltrona de um avião e escreveu: “Eu nunca vi essas pessoas reclamarem que a cadeira do McDonalds é pequena”. Em outra postagem, o comunicador ironizou a “boa forma” atribuída à modelo plus size escrita em uma reportagem sobre ela.
No processo, feito pelos advogados Janaína Abreu e Ives Bittencourt, da Abreu e Bittencourt Advocacia e Consultoria Jurídica, a influenciadora acusou o apresentador de gordofobia, danos morais e uso indevido das imagens nas postagens. Também mostrou diversos ataques e comentários de ódio de internautas gerados após as publicações de Danilo.
Comentários ofensivos
Em 9 de março, a Justiça da Bahia já tinha obrigado Gentilli a deletar as publicações contra Thais Carla. O juiz afirmou que os posts de Gentili eram gordofóbicos e ridicularizavam a bailarina. Na decisão, ele ressaltou que as frases preconceituosas podiam encorajar outras pessoas a publicarem comentários ofensivos contra a dançarina.
“De forma desumana, cruel, perseguidora e insensível, utilizando de maneira irresponsável o debate sobre a liberdade do humor e de maneira falaciosa o direito à expressar-se livremente, o Réu expõe e ridiculariza a Autora em seu trabalho, incitando ódio, perseguições virtuais e discursos discriminatórios que, na medida em que atingem diretamente a pessoa exposta, causa uma série de danos morais, psicológicos e existenciais”, diz trecho da liminar.
Vale ressaltar que o apresentador é conhecido por fazer comédia degradante e pejorativa contra populações minoritárias, socialmente vulneráveis, como pessoas gordas, pessoas com deficiência, negros, mulheres e LGBTQIA+, para promover seu trabalho de stand-up comedy.
Ao iG, Thais Carla disse que se sentiu ofendida com os ataques de Gentili, mas o processou principalmente porque os comentários feitos por ele ofendiam todas as pessoas gordas. “Ele usou da minha imagem indevidamente e foi super gordofóbico. Falou um monte de coisa. Foi um ataque contra a minha pessoa e contra todas as pessoas gordas. Gordofobia não é piada”, afirma a gordoativista.
Com mais de dez anos de carreira, Thais Carla se destaca nas redes sociais pelos vídeos divertidos, coreografias animadas e pela forte luta antigordofobia. Em outubro de 2021, ela comemorou a condenação do humorista Léo Lins em um processo movido por ela contra ele também por gordofobia.